COMUNICAÇÃO

Defensoria Pública promove curso de LIBRAS para servidores

12/12/2016 19:16 | Por Rachel Koerich - DRT 4820/BA (texto e foto)
Iniciativa visa qualificação no atendimento a surdos, mudos e deficientes auditivos

A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA está promovendo, pela segunda vez, o Curso de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, com o objetivo de aprimorar o atendimento aos assistidos que se comunicam com esse tipo de linguagem.

Realizado através da Escola Superior da Defensoria Pública – Esdep, o curso, que visa capacitar servidores a compreender os aspectos biológicos, socioculturais e linguísticos de assistidos surdos, mudos ou deficientes auditivos e a compreender os usos da LIBRAS em situações cotidianas, teve início nesta segunda-feira, 12, e prossegue até o dia 16 de dezembro, entre às 8h e 18h, na Universidade Católica do Salvador, no Campus da Federação.

O curso possui uma carga horária de 40 horas e está sendo ministrado pela professora e especialista em Educação Especial Inclusiva, Katia Maria de Oliveira Franco, para uma turma composta por 13 servidores da DPE – da capital e do interior do Estado – entre eles psicólogos, assistentes sociais e profissionais que prestam atendimento direto à população.

A professora Kátia Maria de Oliveira Franco tem dedicado sua vida à educação inclusiva e isso não aconteceu por acaso: mãe de uma filha que possui surdez profunda, sua jornada começou como produto da necessidade de compreendê-la e ajudá-la a superar os limites impostos pela sua condição. "Comecei a estudar LIBRAS por causa da minha filha e logo passei a dar aulas e a me especializar cada vez mais no assunto, estou muito feliz de estar aqui nesta parceria com a Defensoria Pública porque o que eu procuro passar não é somente a questão da língua em si, mas apresentar as características desse sujeito, quem ele é, suas diferenças e afinidades, muitas pessoas têm a ideia equivocada de que LIBRAS é mímica, estou aqui para dar a minha contribuição", explicou.

A professora trouxe ainda dados alarmantes de que entre os pais de filhos surdos, mudos ou deficientes auditivos, apenas 14% possuem instrução para se comunicar com eles. Explicou ainda que é um erro comum confundir surdez com deficiência auditiva, mas que surdez reflete a completa incapacidade auditiva de um indivíduo enquanto que a deficiência é uma capacidade auditiva reduzida que pode, muitas vezes, ser atenuada com o uso de aparelhos.

Entre os presentes, estava o servidor George Augusto Cardoso, 28 anos, que atua no Fórum Criminal da DPE em Salvador. Deficiente auditivo por conta de uma meningite contraída na infância, George relatou que aprendeu a falar apenas com 12 anos e que sofreu muitas dificuldades: "existia muito preconceito, os colegas e professores diziam que eu não tinha capacidade, mas a minha mãe me deu força, me fez ver que eu tinha capacidade sim. Agora, nesta posição, e através da Defensoria, eu apenas agradeço a oportunidade de poder aprender mais e ajudar outras pessoas que vivem a mesma realidade".

O psicólogo do Núcleo de Apoio Psicossocial da Regional de Santo Antônio de Jesus, Bruno Kalil foi um dos contemplados a participar do curso e considera a iniciativa "essencial para facilitar a comunicação, a inclusão educacional e a inclusão social. Eu me interessei não somente pela questão profissional, mas também pelo lado pessoal, para conseguir acessar essas pessoas que tem uma forma distinta de comunicação".