COMUNICAÇÃO
Defensoria Pública quer construir fluxo de atendimentos em hospitais psiquiátricos
Foi apresentada atuação da instituição em defesa das pessoas com deficiência durante simpósio em Feira de Santana
Elas estão há mais de 10 anos acolhidas no Hospital Especializado Lopes Rodrigues – HELR, em Feira de Santana. São 122 pessoas acometidas por transtornos mentais, das quais 89 não possuem referência familiar, conforme dados da instituição. Na tarde dessa segunda-feira, 17, a Defensoria Pública da Bahia – DPE/BA defendeu ações que garantem a pessoas com deficiência o que lhes é de direito: igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrer nenhuma espécie de discriminação. A subcoordenadora da Curadoria Especial da DPE/BA, Mônica Aragão, e o defensor público Fábio Aguiar, lotado na 1ª Regional em Feira de Santana, participaram da roda de conversa durante Simpósio "Das Rotinas para a Liberdade", promovido pelo hospital no município, e se disponibilizaram na atuação em defesa dessas pessoas.
Além da determinação, o Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei nº 13.146, aprovado no dia 6 de julho de 2015, garante também a reinserção dessas pessoas na sociedade. "Precisamos reconhecer essas pessoas como cidadãos que merecem respeito e podem exercer todos os direitos civis, econômicos, sociais e culturais", argumentou o defensor público Fábio Aguiar, titular do 18ª DP 2ª Vara de Fazenda Pública de Feira de Santana.
Após explanar a atuação da Curadoria Especial – que exerce a defesa dos direitos de réus ausentes e incapazes sem representante legal – estes que representam a maioria dos casos do HELR -, a subcoordenadora da Especializada, Mônica Aragão, atentou para a necessidade da mudança de paradigma no trato às pessoas com deficiência. "São pessoas que cortaram vínculos com as famílias e estão a longo períodos nos hospitais. É preciso sair do gabinete para diagnosticar e mapear as condições desses cidadãos nos hospitais e propor medidas", reiterou ela ao afirmar que a DPE/BA pretende visitar os hospitais psiquiátricos do Estado.
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
Como proceder em casos nos quais os pacientes não têm representantes legais e desejam sair do hospital? Como lidar em casos onde há conflito entre o interesse do representante legal e o que efetivamente o paciente deseja? Esses foram alguns dos questionamentos trazidos pela plateia do Simpósio, formada, em sua maioria, por pessoas do quadro técnico do Hospital Lopes Rodrigues e atuantes na Rede de Atenção a pessoas com deficiência, os quais, muitas vezes, têm de tomar a decisão de privá-los ou não do gozo da liberdade.
"Essa é uma questão mais técnica do que jurídica. É preciso ter um laudo médico taxativo para afirmar ou não que uma pessoa está em gozo das suas perfeitas condições, além de uma análise técnica multidisciplinar que leve em conta o contexto social e familiar da pessoa", explicou o defensor público Fábio Aguiar, alertando também para a necessidade de informar aos órgãos competentes a existência do caso, inclusive, a Defensoria Pública.
FLUXO DE ATENDIMENTOS
Em nova reunião, a Defensoria Pública da Bahia, através da 1ª Regional em Feira de Santana, tomará conhecimento dos casos do Hospital Especializado Lopes Rodrigues, em Feira de Santana. A subcoordenadora da Curadoria Especial, Mônica Aragão, sugeriu criar uma instrução sobre como proceder em casos que envolvam pessoas com deficiência sem representantes legais e/ou em conflitos com seus familiares. Segundo ela, também é necessário discutir as várias realidades presentes nos hospitais psiquiátricos, como os casos de pessoas que ainda respondem a processos criminais, além de casos das pessoas inimputáveis, que já tiveram seu processo julgado e têm o acompanhamento da DPE/BA no cumprimento das medidas de segurança.
CURADORIA
A Curadoria Especial exerce a defesa dos direitos de réus ausentes, citados por edital ou hora certa, e incapazes sem representante legal, nos termos do Art. 9º do Código de Processo Civil. A ausência de manifestação da Curadoria nos casos previstos no referido artigo implica em nulidade processual. O serviço da Curadoria da Defensoria Pública do Estado da Bahia funciona na Rua do Tingui, s/n, Nazaré, sala 216, 2º andar do Fórum das Famílias. Atendimento: 2ª a 6ª (8h às 17h). Tel: (71) 3116-6532.