COMUNICAÇÃO

Defensoria se reúne com Rede Hapvida após denúncias de discriminação

14/08/2018 16:38 | Por Carine do Carmo (estagiária), com supervisão de Luciana Costa - DRT 4091/BA

Assistidas relataram agressões verbais e constrangimento em público

A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, se reuniu com três assistidas da comunidade LGBTI, usuárias do Plano de Saúde Hapvida, que relataram terem sido discriminadas em razão da sua identidade de gênero e orientação sexual durante atendimento na rede.

No primeiro caso, Fernanda Albuquerque, 21, e Priscila Monteiro, 27, receberam comentários e ameaças grosseiras de dois seguranças, após serem atendidas na Hapclínica Garibaldi. Todo o episódio ocorreu na frente dos outros pacientes. “Procuramos a coordenação do hospital, que lidou com a situação da forma mais despreparada possível. Apenas pediram calma e não tiveram a sensibilidade no acolhimento, de nos expor mais uma vez na frente da equipe médica”, contou Fernanda.

“Após passar por constrangimento na delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência contra Lesbofobia, procuramos a DPE/BA com a esperança de resolver essa situação. Expor nossa imagem, não respeitar a nossa orientação sexual e nos agredir verbalmente é de fato uma falta de preparo da equipe, não só com a gente mais com o público LGBTI. Quantos casos já devem ter acontecido e não foi repassado para o setor jurídico para propor uma solução?” desabafou Priscila.

No segundo caso, a mulher trans Alana de Carvalho, 36, também se queixou da falta de respeito de uma funcionária da Rede Hapvida. Com uma crise de coluna, ela procurou atendimento no Hospital Teresa de Lisieux e foi verbalmente agredida de forma preconceituosa na frente de outras pacientes. Alana foi encaminhada para a sala de medicação com a pulseira de atendimento contendo o sexo masculino e o nome social. “Repetidas vezes a funcionária se referiu a mim como “senhor”. O médico sabia que não seria possível eu tomar a medicação intramuscular no glúteo e o mesmo liberou para ser injetada no braço. Sem ter o mínimo de respeito e ética profissional, a técnica falou para todos ouvirem que eu não podia tomar a injeção no glúteo por conta da prótese de silicone, se recusando a ministrar a medicação, me deixando totalmente abalada e nervosa, com a pressão alta”, relatou ela.

De acordo com a defensora pública Walmary Pimentel, após a apuração dos fatos foi expedida uma notificação extrajudicial para a Superintendência Regional do Sistema Hapvida, sendo a Defensoria Pública procurada para fazer um estudo dos casos em conjunto com as assistidas. “Para a nossa surpresa, apenas a representante jurídica legal da empresa, sem nenhum poder de fazer alguma proposta, compareceu a reunião, o que gerou uma decepção por partes das usuárias do plano, pois havia uma proposta de Termo de Ajuste de Conduta – TAC pronta para apresentar durante a reunião”, explicou a defensora pública Walmary Pimentel.

A reunião ocorreu na quinta-feira, 9,  e uma nova reunião de mediação foi marcada para o dia 21 de agosto. A expectativa é que nesse encontro o representante legal da Hapvida compareça e seja possível entrar em um acordo, onde as propostas das assistidas sejam aceitas.