A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA esteve presente na 9ª edição do Colóquio Internacional de Direito e Literatura (CIDIL), o mais importante evento em Direito e Literatura da América Latina, e apresentou o artigo cientifico “O Haiti é Aqui? Direito e Música nos Retratos das Audiências de Custódia na Comarca de Salvador/BA nos anos 2015-2018”.

No evento, que tem o objetivo de promover a difusão dos estudos sobre Direito e Literatura desenvolvidos no Brasil e no exterior, a defensora pública Julia Almeida Baranski e o servidor da comarca de Ilhéus, João Mateus Fagundes, pontuaram as coincidências entre o perfil dos detentos apontado no relatório da DPE/BA sobre as audiências de custodia e o sujeito subalternizado na canção de “O Haiti é aqui” de Gilberto Gil e Caetano Veloso.

De acordo com a defensora Julia Almeida, o tema apresentado foi de uma relevância muito grande que se intensificou ainda mais por acontecer no dia da Consciência Negra e no dia da notícia do assassinato de mais um homem negro nas dependências de uma conhecida rede de supermercados. “Como disse Ferreira Gullar, ‘a arte existe porque a vida não basta’, de modo que, muito antes da Defensoria apontar, com dados objetivos, o perfil socioeconômico, etário, de gênero e raça dos custodiados em Salvador, Gil e Caetano já tinham denunciado a chacina no Carandiru na letra da canção”, pontuou.

Ela complementou ainda dizendo que o “’Haiti’ é uma chacina que se repete todos os dias no Pelourinho, possível de ser vista de cima do adro da Fundação Casa de Jorge Amado. Deste modo, o intuito da pesquisa foi de compreender que o direito está em tudo e, por isso, está também nos corpos e na poesia”, explicou a defensora.

A apresentação do artigo aconteceu na sexta-feira, 20, mas o evento se estendeu, de forma virtual, durante todo o mês de novembro. Durante o encontro também foram realizados painéis que abordaram temas como “A cultura literária no/do direito: o escudo de Perseu”, “Periodismo jurídico e as Crônicas dos Tribunais”, “Direito, Ficção e Verdade” e “Narrativismo e Direito Curvo e Constitucionalismo”.