COMUNICAÇÃO
Defensorias e MPF pedem isenção da taxa do pedágio para quilombolas da comunidade Quingoma
A recomendação de isenção é um dos encaminhamentos de audiência pública para tratar do titulação das terras quilombolas na região de Lauro de Freitas
Em ação interinstitucional, a Defensoria Pública do Estado da Bahia, a Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal expediram recomendação conjunta para que pessoas da comunidade do Quilombo do Quingoma, em Lauro de Freitas, tenham isenção da taxa de pedágio da concessionária Bahia Norte. O documento alega que a súbita suspensão da política de isenção de pedágio viola a lei e os direitos humanos. A medida foi uma das solicitações da audiência pública “Titulação do Território Quilombola do Quingoma”, que aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado.
“A cobrança de pedágio aos povos tribais e indígenas dentro do seu território tradicional obsta o regular exercício do seu direito de ir e vir e, por consequência, dificulta o acesso a bens e serviços essenciais, além de atividades laborais e modo de vida coletivo”, argumenta o documento.
A defensora pública e coordenadora de Direitos Humanos da DPE/BA, Lívia Almeida, explica também que a ausência de vias alternativas gratuitas inviabiliza a livre circulação a um dos quilombos mais antigos da América e a exigência da taxa traz consequências negativas a uma comunidade nitidamente impactada por intempéries como pobreza, marginalização e desemprego”.
A recomendação refere-se a uma praça de pedágio localizada na Via Metropolitana que liga a BA-526 (CIA-Aeroporto) à BA-099 (Estrada do Coco), que perpassa o território tradicional do Quingoma. Atualmente existem diversas ações na Justiça com o intuito de proteger o território tradicional daquela comunidade, que foi certificada em 2013 como remanescente de quilombo pela Fundação Palmares.
“Os residentes têm sido obrigados a pagar para entrar e sair de seu próprio território, uma situação agravada pelo fato de que a rodovia foi construída sem consulta prévia à comunidade. Não bastasse o pagamento de injusto pedágio, a construção trouxe diversos prejuízos, impactando negativamente a vida dos moradores. Esta recomendação visa eliminar essa cobrança e reparar as injustiças sofridas pela comunidade, destacando a necessidade de respeito aos direitos dos moradores de Quingoma”, destacou o defensor regional de Direitos Humanos da Bahia, Gabriel César.
A recomendação foi enviada ao Estado da Bahia, ao Município de Lauro de Freitas, e à concessionária Bahia Norte para que “adotem todas as medidas necessárias para que sejam restabelecidas as políticas de isenção à taxa de pedágio” e para que assegurem consulta prévia à comunidade em todas as fases do processo de titulação das terras.
Assinam o documento a defensora pública que coordena o Grupo de Trabalho de Igualdade Étnica da DPE/BA, Aléssia Bertuleza Tuxá; a defensora federal da Defensoria Regional de Direitos Humanos na Bahia, Mariana Doering Zamprogna; a defensora coordenadora de Direitos Humanos da DPE/BA, Lívia Silva Almeida; a procuradora regional dos direitos do cidadão na Bahia, Marília Siqueira da Costa e o procurador da república para populações indígenas e comunidades tradicionais, Ramiro Rockenback Teixeira.