COMUNICAÇÃO

Dia D de exames de DNA reúne as supostas filhas de Jorge na Estação da Lapa, em Salvador

23/08/2024 8:58 | Por por Rafaela Dultra DRT/BA 6990
Da esquerda para direita: Daniela, Tatiana, Tânia e Betânia

Além de Salvador, os mutirões de exame de DNA aconteceram em várias cidades do interior baiano, totalizando 197 atendimentos e 42 exames de DNA

Tatiana estava sozinha à espera do atendimento do mutirão da Ação Cidadã Sou Pai Responsável, na Estação da Lapa, quando o número de sua ficha foi chamado e ela decidiu passar sua vez. Disse que estava esperando duas mulheres, que acreditava serem suas irmãs, filhas do pai que não chegou a conhecer. Segundo sua mãe, Celina, Jorge era o nome do homem que a gerou. Era vendedor de doce, consertava fogão, e fazia de tudo um pouco, vivendo entre Esplanada, Acajutiba, Entre Rios e Salvador.

“Nesse ano de 2024, Deus gerou no meu coração o desejo de conhecer minha família”, revelou a manicure, contando que foi à procura do pai por meio de uma “conhecida de uma conhecida” que morava em Esplanada. Infelizmente, não pôde conhecer Jorge, que faleceu em 2020, mas encontrou um irmão mais velho que a levou um vredadeiro combo de irmãos e irmãs: 16, ao que se sabe, tendo o mais novo 8 anos de idade.

Além de Tatiana, três dos novos irmãos (as) compareceram à ação realizada pela Defensoria Pública do Estado da Bahia, na Estação da Lapa, em Salvador, no último dia 17 de agosto (sábado). Tânia, Betânia e Daniela foram tirar a dúvida acerca do parentesco com a recém-chegada na família. Tânia e Betânia são irmãs da mesma mãe, Maria, e foram as que chegaram a conviver com o pai. Já Daniela, filha de Rosalina, só soube da paternidade de Jorge depois de adulta, quando ainda conseguiu falar com ele por telefone antes de ele falecer. Ela, que foi criada e registrada pelo padrasto, conta que foi em busca da DPE/BA não para anular o nome daquele que a criou, mas apenas a fim de acrescentar o nome de mais um pai certidão.

Mesmo nunca tendo se encontrado pessoalmente, no momento de serem atendidas pela Defensoria, as quatro já estavam compartilhando histórias e identificando semelhanças físicas entre elas, como a cor dos olhos verdes e a pele parda bronzeada, que fez com que Tatiana já as apelidasse de “As Olivas”. Questionadas sobre os possíveis resultados do exame, elas responderam: “Se não for [positivo], a amizade vai continuar. Se for, vai ter um churrasco”. 

DIA D

O caso das ‘irmãs Olivas’ foi um entre os 78 atendimentos e sete exames realizados no mutirão. O dia 17 de agosto foi eleito como o “Dia D” de intensificação do oferecimento de exames de DNA para reconhecimento de paternidade pelo projeto “Meu Pai Tem Nome”, do Conselho Nacional de Defensoras e Defensores Públicos Gerais (Condege). No mês de agosto, a Ação Cidadã Sou Pai Responsável, da Defensoria da Bahia, se une à iniciativa nacional, a fim de assegurar os direitos legais e o valor afetivo conferidos pelo registro paterno. 

Além de Salvador, no Dia D, foram realizados mutirões em Conceição do Coité, Ribeira do Pombal, Paripiranga, Serrinha, Alagoinhas, Euclides da Cunha, Ipiaú, Irecê, Seabra, Jequié, Santo Antônio de jesus, Senhor do Bonfim. Camacã, Candeias, Guanambi, Ilhéus, Itabuna, Simões Filho, Feira de Santana, Porto Seguro, Lauro de Freitas e Paulo Afonso. Ao todo, foram registrados, no interior do estado, 119 atendimentos e 35 exames de DNA.

Compareceram à ação em Salvador a defensora-geral, Firmiane Venâncio, a coordenadora da Especializada de Família, Tatiane Franklin, a coordenadora da Capital, Donila Fonseca, além de servidores(as) da DPE/BA. A Estação da Lapa é o maior terminal rodoviário da capital baiana, registrando uma circulação de 450 mil pessoas diariamente.