Um levantamento do Grupo Gay da Bahia – GGB, entidade que levanta dados sobre assassinatos da população LGBT no Brasil há 38 anos, registrou 445 homicídios no ano passado. O número aumentou 30% em relação ao ano anterior, que teve 343 casos, e o Brasil continua sendo um dos países que mais matam LGBTs em todo o mundo. Em meio a esse cenário, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA promoveu nesta sexta-feira, 7, a palestra Direitos da População LGBT numa Democracia em (des) construção. O professor de Direito da Unifesp, advogado e ativista no campo dos direitos humanos, especialmente na temática da diversidade sexual, Renan Honorio Quinalha, foi o palestrante convidado pela Instituição.

“É importante a Defensoria promover esse tipo de debate. Isso faz com que quem está no curso de formação  entenda que o ataque sofrido por essa parcela da população poderá ser potencializado pelo discurso de ódio atualmente reproduzido com tanta facilidade. Trazer o professor Renan, um estudioso da área, demonstra a nossa preocupação com a formação das novas defensoras e novos defensores públicos ao discutir temas tão sensíveis para a sociedade brasileira. São assuntos que fazem parte do nosso dia a dia e temos que saber como nos posicionar como defensores e defensoras públicas de direitos humanos”, explicou o defensor público geral, Clériston Cavalcante.

Na ocasião, o palestrante Renan Quinalha abordou acerca da desvalorização dos direitos humanos e os desafios e diálogos possíveis em relação à sociedade. “A verdade é que não conseguimos, ainda, fazer um debate amplo sobre os direitos humanos na sociedade brasileira. O assunto é muito desprestigiado de um modo geral e qualquer perspectiva já é tachada como direito de bandido. Nós, agentes do Direito, fazemos o uso de uma linguagem cifrada e distante da realidade.  Por isso, é fundamental que de alguma maneira seja escutado esse sentido público dos Direitos Humanos para conseguirmos avançar nessa resistência”, acrescentou Quinalha.

O decano do Movimento LGBT brasileiro e fundador do Grupo Gay da Bahia, o professor Luiz Mott, elogiou a iniciativa promovida pela DPE/BA: “Foi um grande momento a palestra do professor Renan Quinalha discutindo sobre os direitos da população LGBTI no Brasil e denunciando graves violações dos direitos humanos desse segmento, que representa 10% dos brasileiros, mas que ainda não teve a sua cidadania reconhecida”.