COMUNICAÇÃO
DPE e Comissão das Mulheres da Câmara vão promover audiência pública para tratar do projeto Viver
Debate deverá ocorrer no próximo dia 20, às 9h, na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador
As condições do Serviço de Atenção a Pessoas em Situação de Violência Sexual (Viver) serão discutidas em audiência pública a ser promovida pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador no próximo dia 20. O acordo para realização da atividade aconteceu durante reunião promovida pela DPE para tratar de problemas ligados à falta de profissionais e estrutura de funcionamento adequados às pessoas que procuram o serviço. A insuficiência de profissionais para atender às vítimas foi, inclusive, motivo da abertura de Procedimento para Apuração de Dano Coletivo – PADAC instaurado pela Defensoria perante a Secretaria de Segurança Pública, pasta à qual a unidade está vinculada.
De acordo com a defensora pública Laíssa Souza, da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, é preciso que se garanta o pleno atendimento a todas as pessoas vítimas de violência sexual que procuram o serviço, seja ela criança, adolescente, mulher ou LGBTTTI. No entanto, o quadro de ausência de profissionais – advogados, médicos, psicólogos, assistentes sociais, redução do horário de atendimento, bem como a desativação da sede de Periperi (região que responde pelo maior número dos registros de violência contra a mulher), comprometem o serviço de atendimento às vítimas.
"Estamos aqui juntos hoje para discutir formas de tentar equacionar esse problema. A realização de uma audiência pública, onde outros atores ligados a esse cenário poderão ser ouvidos, vai contribuir para encontrarmos uma solução a esta situação", destacou Laíssa Souza.
Da reunião, participaram ainda a defensora pública da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente, Gisele Aguiar, o defensor público do Núcleo de Defesa da Mulher da DPE – NUDEM, Rodrigo Assis, as vereadoras Aladilce Souza (que preside a comissão das mulheres), e Kátia Alves, além das assessoras técnicas Claudia Correia e Iris Dourado, assessor da deputada estadual Fabíola Mansur, bem como a coordenadora do serviço, Dayse Moura. Foi ela quem informou dos atuais problemas enfrentados pela unidade.
Criado em 2001, o Acolher foi pensado para oferecer atendimento médico, psicológico, social e jurídico às vítimas de violência sexual, prestando todo o apoio necessário tanto às vítimas quanto aos familiares. Antes, funcionava em dois endereços: no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, na Avenida Centenário, 24 horas por dia, todos os dias da semana; e dentro do complexo policial de Periperi, em Periperi, de 7h às 19h, de segunda a sexta-feira. Com a desativação da unidade do subúrbio, e a quase ausência de profissionais na sede dos Barris, o serviço de apoio às vítimas de violência sexual corre o risco de não cumprir com a função para o qual foi criado. Desde 2001, quase 12 mil pessoas já foram atendidas pelo Viver.
A ausência de advogados para oferecerem assistência jurídica à vítima usuária do serviço é um dos problemas mais graves, segundo a direção da unidade. De acordo com relatório produzido pela Comissão das Mulheres da Câmara, cerca de 200 processos criminais aguardam acompanhamento jurídico.
PADAC
Por entender a omissão do órgão ao qual a unidade está subordinada no que tange a ausência de contratação de profissionais para atuarem no Núcleo de Atenção a Pessoas em Situação de Violência Sexual, a Defensoria instaurou o Procedimento para Apuração de Dano Coletivo – PADAC 01/2016. O objetivo é apurar as causas da falta de contratação de profissionais necessários à composição da equipe multidisciplinar de atendimento especializado às pessoas vítimas de violência sexual da capital e região metropolitana. De acordo com a defensora pública Gisele Aguiar, por ser o único projeto de assistência a vítima de violência sexual, a garantia do serviço é indispensável. "Vamos nos reunir com a Superintendência de Prevenção à Violência – SPREV, com a Secretaria de Segurança Pública, entre outras providências necessárias para apuração do dano coletivo", destacou Aguiar.