COMUNICAÇÃO

DPE/BA capacita para estagiários de nível superior na Esdep

01/03/2018 11:59 | Por Tiago Lima dos Reis Júnior (estagiário) Texto e foto

Curso visa otimizar e humanizar ainda mais o atendimento para os assistidos, enfatizando a sensibilidade no respeito à diversidade de gêneros.

Conviver em harmonia com os nossos semelhantes respeitando a orientação sexual de cada um, juntamente com as suas diferenças, é uma das premissas da Defensoria Pública do Estado da Bahia -DPE/BA. Baseado nesse princípio aconteceu nesta terça, 28, o segundo dia do “Curso de formação continuada em gêneros e interseccionalidades”, na Escola Superior da Defensoria Pública – Esdep.

Aberto ao público, mas direcionado principalmente para os estagiários de nível superior da DPE/BA, o curso promove a capacitação desses estagiários, preparando-os sempre para prestar o melhor atendimento possível para quem quer acessar os serviços da Defensoria, visto que na maioria dos casos, são esses mesmos estagiários que prestam os primeiros atendimentos ao público.

A subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, Eva Rodrigues, falou sobre a importância da capacitação. “O debate sobre a identidade e a diversidade de gêneros são temas bastante importantes e relevantes, para que a gente compreenda os fenômenos acerca do assunto e que a gente possa lidar com essas pessoas de uma forma muito mais natural. Isso não é uma imposição, estamos falando de respeito, do direito das pessoas do segmento LGBT existirem e serem respeitados”, afirmou Eva Rodrigues.

O curso contou com a presença de vários estudantes de direito de diferentes faculdades de Salvador, que puderam partilhar das experiências contadas no momento, e enriquecer o seu conhecimento sobre o estudo da identidade de gêneros. A estudante de direito Raquel Lopes, de 21 anos, falou sobre a seriedade dos assuntos tratados no curso. “São assuntos importantes que tratam de equidade entre as pessoas e nos faz refletir sobre o respeito à dignidade da pessoa humana; conviver em harmonia deveria ser mais fácil para a nossa sociedade que ainda precisa aprender muito sobre o conceito de respeito, mas a Defensoria Pública mostra muito compromisso quando se importa com que seus estagiários adotem tais valores”, frisou Raquel.

Abordagens Importantes

Assuntos como violência obstétrica, sexualização e animalização do corpo negro foram debatidos no curso. A ativista da Rede de Mulheres Negras da Bahia, Nzinga Mbandi, falou da violência contra a mulher e se referiu a lei Maria da Penha como: “um grande avanço para o enfrentamento à violência contra as mulheres, mas ainda há muito o que ser feito e a mulher negra é quem mais sabe disso, pois segundo dados que pude levantar 54% delas foram mortas violentamente por homens, contra 9,4% de mulheres brancas, isso tem que parar”.

Nzinga Mbandi falou também da importância da capacitação dos estagiários. “Essa capacitação é um passo muito interessante por parte da Defensoria Pública, e espero que vocês tenham a sensibilidade de absorver o conteúdo e que sejam profissionais formados com uma análise diferenciada para aqueles que precisam de assistência”, revela.

Em uma análise sobre o respeito à diversidade e identidade de gêneros, o coordenador da Especializada em Saúde Pública da Universidade Estácio de Sá, Ailton da Silva Santos, falou da importância da identificação da pessoa com a sua própria sexualidade. “O órgão sexual não define o gênero. O gênero é definido pela consciência sexual de cada indivíduo, pelo que cada um se identifica e se harmoniza com o seu interior; é importante respeitar isso”, ressalta Ailton Santos. Ele ainda alertou para o perigo existente na forma de preconceito, que rodeia todo o segmento LGBT dizendo que: “em uma sociedade como a nossa não estamos seguros, sempre existirá algo em nós que o preconceituoso odeia”.

No curso também estava presente e compondo mesa, a ativista feminista do movimento LGBT, Sandra Muñoz. Para a ativista, “políticas públicas para as mulheres precisam ser mais enérgicas e independentes de partido político, devem tratar de todo e qualquer assunto que proteja a mulher e resolva os seus problemas sem olhar quem os causou”.