COMUNICAÇÃO

Em dois dias, Ação Cidadã Sou Pai Responsável realiza 17 DNAs na Fonte Nova

23/08/2023 17:06 | Por Rafael Flores - DRT/BA 5159

Foram 90 atendimentos na parceria deste ano com o Bahia

Nos primeiros momentos da manhã, o aposentado Carlos Morais seguiu sua rotina matinal e ligou a televisão para acompanhar as notícias, sem esperar que uma delas tivesse a capacidade de transformar sua terça-feira e talvez sua vida: por dois dias, 22 e 23 de agosto, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, em parceria com o Esporte Clube Bahia, estaria na Arena Fonte Nova oferecendo exames de DNA gratuitos para reconhecimento de paternidade de quem não tem o nome do pai no registro.

Sem hesitar, Carlos digitou uma mensagem para Valnei Rodrigo, com quem divide uma interrogação em suas histórias há 28 anos. Valnei, que tem a rotina desafiadora de quem trabalha noite adentro como líder operacional, ainda dormia e não viu imediatamente a notificação em seu celular. Mas o tempo nesse dia foi seu aliado: acordou, leu a mensagem e aceitou o convite de seu suposto pai. Movidos pela curiosidade e ansiedade, conseguiram ser os últimos atendidos do primeiro dia da DPE/BA no estádio.

“Ficamos em cima do muro, sem saber para que lado cair, então achei que chegou a hora. Eu já sabia dessa possibilidade e de que estava acontecendo o mutirão da Defensoria, mas foi hoje, ao ver o jornal, que decidi resolver essa dúvida”, conta Carlos. Essa história dialoga diretamente com a tentativa de sensibilização dos homens sobre sua responsabilidade no registro e na vida dos filhos, que é um dos objetivos da Ação Cidadã Sou Pai Responsável. “Queremos alcançar o pai ausente e conscientizar, fazer com que ele venha registrar e participar da vida do filho ou da filha. Mais do que exames e documentos, trata-se de resgatar laços, construir histórias e tecer o futuro”, explica o defensor público Adriano Oliveira.

Um espaço em branco nos documentos pode parecer simples para quem tem os seus preenchidos com o nome dos pais, no entanto, representa desafios para quem não teve esse direito. Juliana Bispo é um exemplo. Mesmo tendo convivido com seu pai, uma inconsequência dele a deixou sem o registro completo. Apenas quando foi buscar o direito para sua filha de um mês, percebeu que também poderia contar com a Defensoria. “Descobri que posso resolver isso pela Defensoria. Vou procurar o serviço. Sempre me senti triste ao dizer que não sabia o nome do meu pai”, confessa.

Quando enfrentou a morte do pai de sua filha, nove dias antes de dar à luz, Juliana decidiu não perpetuar a ausência, ainda que “apenas” nos documentos. Ao seu lado, Antônio Jorge Sena, avô da criança, teve a mesma determinação, mostrando que a perda precoce de seu filho não impedia a família de continuar seu legado. “Apesar de meu filho não estar mais conosco, ele deixou uma missão: garantir que sua filha saiba suas origens. Como avós, sentimos essa responsabilidade”, afirma Antônio.

Os relatos confirmam a importância da Ação Cidadã Sou Pai Responsável, que atingiu 90 pessoas e realizou 17 exames de DNA na parceria deste ano com o Bahia. Para quem ainda busca completar suas histórias, o próximo mutirão ocorrerá no Centro Estadual de Educação, Inovação e Formação da Bahia Mãe Stella, no bairro Cabula, em Salvador. A intensificação da campanha ocorre neste mês de agosto, mas o DNA gratuito está disponível ao usuário da DPE/BA durante todo o ano.