COMUNICAÇÃO
Equipe Pop Rua da Defensoria Pública realiza 3ª edição do Grupo de Estudo com a sociedade civil
Com o objetivo de ouvir as necessidades da população em situação de rua para se inserir no mercado de trabalho formal, a Defensoria Pública do Estado da Bahia, através da Equipe Pop Rua, realizou terceira edição do Grupo de Estudo – GE – nessa quinta-feira, 07. Com o auditório lotado, o evento foi realizado na Escola Superior da Defensoria Pública – ESDEP – e discutiu o tema “Trabalho Formal e Trabalho Precarizado”.
Na ocasião, foi discutido o preconceito que esse segmento da população sofre, a falta de preparo para o trabalho formal e a precarização do trabalho. A defensora pública Fabiana Miranda, que coordena a Equipe Pop Rua, recebeu novamente empresários, estudantes, professores, pesquisadores e profissionais interessados em discutir a temática e escutou dessas pessoas propostas para dar oportunidade de emprego à população. “Precisamos ouvir desses empresários o que precisamos fazer para eles contratarem nosso povo em situação da rua”, pontuou Miranda.
Sheyla Paranaguá, assistente social da DPE/BA, apresentou situações em que é possível oferecer um trabalho digno a essas pessoas: “A Defensoria Pública pode contribuir oferecendo o auditório, a van, tentando fazer parceria com empresas para que ofereçam um lanche, por exemplo. Então, a captação de recurso é possível para que se desenvolva um trabalho adequado”.
Paranaguá também ressaltou a necessidade de respeitar a vontade dessas pessoas em gastar o seu dinheiro como quiser, sem retaliações. “Precisamos pensar que a população em situação de rua necessita, assim como eu e vocês, comer, independente de qualquer outra escolha que se faça. Por que que o vendedor que vende o amendoim não pode usar o dinheiro como ele quiser? O nome disso é autonomia e liberdade, e, quando impedimos isso, ferimos um direito constitucional”, complementou a assistente social.
Estudantes de Serviço Social contribuíram também para enriquecer o debate. A estudante Beatriz Silva, que está realizando o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – com essa temática, destacou a necessidade de ter mais espaços para dialogar sobre o tema, pois, segundo a estudante, esse é um assunto pouco discutido, e que os moradores em situação de rua devem participar mais desses encontros. “Falamos em incluir a população em situação de rua na sociedade. Você vai incluir uma população que já está inclusa?”, criticou Beatriz, que acredita que a questão é reconhecermos essa população como parte constituinte da sociedade.
Silvano Oliveira, que é militante do Movimento de População de Rua e ex morador de rua, sente-se otimista com os debates e que melhoras virão para a sua comunidade. “A função que eu mais gosto de fazer é serviços gerais. Limpeza é comigo mesmo. Eu gosto de colocar na prática, não só debater o que pode ser melhorado. Creio eu que nessa conversa aqui vai sair alguma coisa, porque eu tenho que dar uma resposta ao meu povo. Tenho fé. Se os empresários darem oportunidade de emprego, não será só para mim, mas para todo morador de rua. Para isso, a gente tem que querer, disse.
O assessor técnico da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – SETRE – Heitor Gomes, apontou que a primeira providência é formar grupos para reivindicar a qualificação: “Com 15 ou 20 pessoas, há condições para qualificar essa população. Posteriormente, eles podem montar uma cooperativa para trabalhar e se sustentar tranquilamente. É preciso saber o perfil de cada um, como sexo, escolaridade e o que querem fazer para poder conseguir identificar as necessidades. É preciso saber ler e escrever, senão não vai para canto nenhum”.
O próximo Grupo de Estudo do Pop Rua será realizado no dia 04 de agosto.