COMUNICAÇÃO

Esdep exibe documentários com temáticas sobre Direitos Humanos

18/03/2015 15:27 | Por

A Escola Superior da Defensoria Pública (Esdep) exibiu na última sexta-feira, 6, dois documentários que trazem em comum a problematização e a abordagem dada às questões ligadas aos Direitos Humanos em nossa sociedade. O primeiro vídeo, "Pelas Janelas", faz parte da programação da 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, promovida pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Já a segunda obra, "Atrás dos Olhos", é uma produção do Grupo de Pesquisa, Cultura e Sexualidade (Cus), da UFBA.

O evento foi aberto pelo diretor da Esdep, Daniel Nicory, que ressaltou o papel do cinema como forma de se disseminar informação. "O cinema, em especial, e a arte, no geral, podem contribuir para a promoção dos direitos humanos, para a quebra do preconceito, o reconhecimento da diversidade e a valorização de formas de vida que não são hegemônicas, e que, por isso, são esquecidas, marginalizadas ou desrespeitadas", disse o diretor.

O primeiro documentário a ser exibido, "Pelas Janelas", é um vídeo que fala sobre a trajetória de quatro estudantes universitários de Cinema e Audiovisual ao acompanhar parte do processo e experiência dos projetos de cinema, educação e direitos humanos, Inventar com a Diferença. No vídeo, que tem um tom mais didático, os universitários ensinam aos jovens noções de cinema e aproveitam para discutir o preconceito e a indiferença, tomando a sétima arte como instrumento para lidar com a situação.

Com muita cor, brilho e salto alto, "Atrás dos Olhos" desvenda o universo pouco conhecido das travestis de Salvador. O nome faz uma alusão à história das travestis que lutaram e lutam contra o preconceito, perseguição, repressão e por uma forma digna de viver. Contando suas experiências de vida, elas falam do que já sofreram para se manter na sociedade, das vitórias e conquistas e de como sobreviver.

Para Millena Passos, presidente da Associação de Travestis de Salvador (Atras), produtora e uma das idealizadoras do filme, a vontade de produzir o documentário era antiga. "Sempre tive o sonho de contar a história do movimento de travestis da Bahia, a nossa manifestação em busca de reconhecimento, e, desde então, viramos uma turma nesse projeto que foi especial para nós todos", explicou.

Mas contar toda essa história não foi nada fácil, diz Carla Freitas, integrante do Cus. "O trabalho foi desafiador e bacana, e a nossa preocupação foi sempre a de não transformar o documentário em um vídeo institucional. Queríamos dar voz a essas pessoas que são vulneráveis e invisibilizadas, humanizar as meninas", disse.

De acordo com a defensora Bethânia Ferreira, subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, as exibições formam um momento especial na Defensoria. "É uma oportunidade onde todos convergem com um objetivo: disseminar as ideias de direitos humanos, fazer com que todos entendam que por trás dos estereótipos e preconceitos há pessoas. O cinema tem uma função determinante de tocar o público, para que ele compreenda que fazemos parte do mesmo universo, o de seres humanos".

Ao final do evento, a subcoordenadora recebeu o convite para ser a madrinha da Casa Cristal Lilás, projeto que visa dar atendimento individual a mulheres lésbicas e bissexuais com acompanhamento psicológico e de assistência social. "Será a primeira casa de acolhimento para a mulher de Salvador", descreve Sandra Munhoz, membro do projeto.

Emocionada, a defensora aceitou o convite. "As pessoas de fora não imaginam como é difícil a gente trilhar na defesa dos mais vulneráveis. Essa homenagem vale mais do que qualquer reconhecimento de um presidente da república", agradeceu Bethânia.