COMUNICAÇÃO

Esdep inicia Capacitação em Substâncias Psicoativas

07/05/2010 17:54 | Por

"Por que as pessoas usam substâncias psicoativas?" Esse foi o questionamento que norteou a aula inaugural do Curso de Capacitação em Substâncias Psicoativas, ministrada pelo médico psiquiatra e coordenador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (Cetad/Ufba), Antonio Nery, que aconteceu na tarde desta quinta-feira (6), na Faculdade Baiana de Direito.

Os defensores presentes, que fazem parte da primeira turma do curso, foram desafiados, no início da aula a responderem o questionamento. De acordo com o psiquiatra, a pergunta é necessária para que o trabalho seja iniciado a partir da ressignificação dessas substâncias. "Eu precisei responder esse questionamento para poder suportar o meu trabalho. Na minha profissão eu vi situações como a de um pai que injetava cocaína na filha de três anos e depois se injetava", contou.

Após ler algumas das respostas dos defensores, o psiquiatra falou sobre as reações de algumas substâncias como a maconha, que segundo ele é desinibidora e sedativa. Para Antônio Nery, o uso dessas substâncias "é determinado não apenas socialmente, mas também subjetivamente e pelo psíquico. Muitos usam a droga para se manter vivos", afirmou.

Ressaltando um dos principais objetivos do curso, que é aprimorar o atendimento da Defensoria Pública junto aos usuários dessas substâncias, o psiquiatra finalizou o seu discurso com a resposta do questionamento que propôs aos presentes. "A minha resposta não é melhor nem pior que a de vocês. Mas se fosse para dar uma única resposta eu diria: porque são humanos", concluiu.

No final da aula, a coordenadora pedagógica do curso, Cristiane Abdo, apresentou aos alunos o cronograma da turma, que terá aulas nas tardes das quintas-feiras, quinzenalmente. No programa do curso estão atividades como visitas técnicas, seminários e aulas sobre aspectos sócio-antropológicos do uso das substâncias psicoativas, prevenção e promoção de saúde, políticas públicas e legislação.

Expectativa - Qualificar o atendimento com o olhar voltado para o ser humano é o que busca a defensora pública Divani Queiroz, uma das 101 pessoas inscritas no curso. "Como criminalista eu trabalho diretamente com pessoas envolvidas com drogas. Então esse atendimento qualificado é fundamental, porque para defendê-los nós precisamos vivenciar e entender a realidade deles", afirmou. Já para a defensora Fabiana Almeida, que trabalha na área cível, a expectativa é "aprender e aprimorar o conhecimento, já que é muito comum ver situações envolvendo as drogas. Então aprender a lidar com isso é muito importante para o nosso trabalho".