Jovens com Transtorno do Espectro Autista – TEA poderão ter mais oportunidades de estagiar na Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, pois o projeto Estágio Especial foi prorrogado por mais dois anos. Desenvolvida desde 2018, em parceria com o Projeto Fantástico Mundo Autista – FAMA, a iniciativa foi prolongada pela Escola Superior a fim de proporcionar aos jovens a oportunidade de inclusão social e qualificação profissional nas unidades da Instituição.

Coordenadora da Especializada dos Direitos da Criança e do Adolescente, a defensora pública Gisele Aguiar destaca que a inclusão é o grande benefício da iniciativa: “As vezes, as pessoas pensam somente na inclusão escolar, mas precisamos pensar a inclusão também no mercado de trabalho, e aí eu falo da pessoa com deficiência de uma forma geral”.

Gisele Aguiar destaca que este projeto é especial, mas não apenas por conta do nome. “Para mim, esse é um dos projetos mais exitosos. Nós vemos a evolução de cada estagiário muito nitidamente, de forma rápida, durante o dia a dia. Para mim, isso é muito prazeroso. E sempre digo que a evolução não acontece só para eles, mas para todos os assistidos da Defensoria e também nós, que somos parte da instituição. A verdadeira inclusão é também nós nos adaptarmos a eles”, explica.

Ao todo, são seis jovens contemplados com o Estágio Especial em Salvador atualmente. Eles atuam na Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, na Especializada de Direitos Humanos, na Escola Superior – Esdep, na Casa das Famílias e no Núcleo de Contestação.

Inclusão e desenvolvimento

Os participantes recebem bolsa-auxílio, auxílio transporte e seguro contra acidentes pessoais. No entanto, os maiores benefícios são a inclusão social e profissional, a preparação para o mercado de trabalho, além do auxílio no desenvolvimento humano por meio da consolidação dos conhecimentos teóricos, do aperfeiçoamento técnico-cultural, científico e de relacionamento humano.

“Esse e um dos projetos mais lindos da Defensoria, que é inclusiva em sua essência”, destacou a coordenadora da Escola Superior, Soraia Ramos. “A Instituição é plural, promove respeito às diferenças e o tratamento igual para todos. A presença desses adolescentes no nosso quadro de estagiários, com a evolução que eles apresentaram nesses anos de convivência, mostra que devemos ampliar cada dia mais o espaço para todas as pessoas”, complementou.

O projeto Estágio Especial obteve o segundo lugar entre as práticas exitosas premiadas pelo XIV Conadep, o Congresso Nacional das Defensoras e Defensores Públicos realizado no último ano, além de ter sido finalista do Prêmio Innovare 2019. As premiações atestam a importância da iniciativa para o aprendizado dos jovens.

“Comprovamos na prática que as pessoas portadoras de TEA podem ter uma vida como qualquer pessoa. Esses jovens são muito inteligentes, dedicados, só precisam de oportunidade para mostrar isso. Na Defensoria, eles estão tendo essa oportunidade de conviver diariamente com várias pessoas, interagindo, conversando, trabalhando e se desenvolvendo no dia a dia”, ressaltou Soraia Ramos.

Os jovens que participam do projeto têm, cada um, um padrinho: servidores responsáveis, o quais passam por capacitação. Há o acompanhamento de uma pedagoga da Esdep, que, juntamente com a coordenação do Estágio, realiza visita aos locais e acompanha o desenvolvimento dos estagiários. Há também o acompanhamento psicossocial do projeto FAMA.

O projeto Estágio Especial foi firmado em 2018. É desenvolvido pela DPE/BA por meio da Coordenação Executiva das Defensorias Públicas Especializadas; além das Especializadas: Cível e Fazenda Pública, de Família, de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, além da Escola Superior – Esdep.