COMUNICAÇÃO
Evento da DPE/BA lembra 50 anos de luta LGBT no mundo
Palestras, performances e convidados especiais ocuparam o auditório da Escola Superior da Defensoria – Esdep pela manhã.
Nesta sexta-feira, 28, completaram-se 50 anos desde a “Rebelião de Stonewall”, considerada como o marco zero da luta LGBT por direitos no mundo. A Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA lembrou da data com palestras, performances e convidados especiais no auditório da Escola Superior da Defensoria – Esdep pela manhã.
Para Ariane Senna, psicóloga, ativista da população trans e integrante da Coordenação de Direitos Humanos da DPE/BA, o dia é importante para que a instituição, junto aos movimentos sociais, comemore conquistas, reivindique novos direitos e dialogue com parceiros da comunidade. “Este evento tem um potencial muito grande. Nele contamos tanto com performances artísticas quanto temos doutores para nos explicar teoricamente assuntos que nos dizem respeito como saúde, educação, sistema prisional. Temos que saber o que tem sido produzido nessas áreas”, afirmou.
A diarista e artista performática Fabiane Galvão foi a responsável pelo primeiro momento lúdico da manhã, recepcionando os convidados ao som de I Will Survive de Gloria Gaynor.”Eu nunca imaginei estar aqui na Escola da Defensoria fazendo isso, que aos olhos de algumas pessoas é uma palhaçada, mas é pura arte! A arte também é uma forma de mostrar sua luta, o que você quer de bom para a sua comunidade e assim nos fortalecemos cada dia mais”, contou.
Palestras trouxeram dados e contextualização histórica para os presentes, que puderam ouvir sobre temas como criminalização da homofobia, história da luta LGBT e políticas públicas de saúde para esta população. Conduziram os debates o advogado Caio Sérgio, o doutor em saúde coletiva Ailton Santos, o defensor público Bruno Moura, o professor de filosofia Marcelo Brito (substituindo a coordenadora de currículo e desenvolvimento humano Jurema Brito) e o doutor em comunicação Leandro Colling.
Colling, primeiro a palestrar, traçou um histórico do movimento, conectando com a conjuntura política nacional contemporânea. O pesquisador firmou não apenas nos dados alarmantes, mas focou na principais conquistas do grupo, que segundo ele só aconteceram por conta da transformação do movimento, que incluiu o debate de gênero onde outrora apenas se falava em homossexualidade.
A apresentação da atriz, modelo e escritora Jenny Muller encerrou oficialmente as atividades com as luzes do auditório apagadas e apenas as luzes dos celulares do público acesas, aumentando o impacto do recado que veio passar, evocando dados que mostram o Brasil como líder no ranking de países com mais registros de homicídios de pessoas transgêneras. “Não é um dia apenas para ser bonito, quando Jenny traz tudo isso dá vontade de correr, por que é chocante mesmo, falando a gente não consegue expressar o que é o dia a dia de uma mulher trans, homem trans e de LGBT’s em geral, é interessante por que é nesses espaços que a gente tem oportunidade de mostrar pelo menos um pouco como é”, conta Paulett Furacão, assessora parlamentar da deputada Olívia Santana.
Já a coordenadora da Defensoria Especializada de Direitos Humanos, Lívia Almeida, concorda que, apesar dos 50 anos de luta, ainda existem muitas questões a serem avançadas. “O Brasil ainda é um país que mata pessoas apenas por serem quem são e no ano passado, segundo pesquisa do Grupo Gay da Bahia, foram 420 mortes. A Defensoria faz esse tipo de ação como a do dia de hoje, pois precisamos celebrar o que foi conquistado, celebrar essas pessoas que lutam e que são resistência. Fazemos isso para comemorar, para refletir e para também vermos em que precisamos avançar”, explicou.
Lívia explica ainda como a DPE/BA atende esta população:”Fazemos vários tipos de atendimento a pessoas LGBT’s, desde os nossos defensores que trabalham no combate à violência, discriminação e LGBTfobia, à retificação registral de nome e gênero de pessoas trans. Promovemos também ações de educação em direito, para que a sociedade consiga melhorar nesse sentido”, enumerou a coordenadora.
O evento contou ainda com a presença de figuras importantes para a construção do movimento LGBT na Bahia, como a dançarina e ex-vereadora Léo Kret que contou a sua história de luta contra o preconceito e em busca de espaço. Além dela, passaram por lá: Fábio Santana (Fabety), organizador da 12ª Parada da Cidade Baixa; Yorran, coordenador da União das Paradas LGBT; Lívia Ferreira, do grupo operativo UNALGBT Rede Sapatá; Fabiana Brandão, representante a área técnica de Saúde da população LGBT da Sesab; Lúcia Barbosa e Erik Abade, representantes do Campo Temático de Saúde da População LGBT da Secretaria Municipal de Saúde.