COMUNICAÇÃO
Feira de Santana – Defensoria Pública intermedeia conflito e garante retorno de estudantes indígenas
Defensores públicos continuam acompanhando caso para apurar possíveis infrações
Estudantes indígenas da tribo Pankararu, de Pernambuco, voltaram às aulas na Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, depois de alegarem ter sido vítimas de violências morais e discriminação racial por parte da Polícia Militar. O caso chegou até a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA que, após reunião com as partes envolvidas, garantiu o retorno dos alunos à Feira de Santana. A 1ª Regional da Defensoria Pública também está acompanhando a sindicância instaurada no âmbito do Comando de Policiamento da Região Leste da Polícia Militar da Bahia para avaliar as possíveis violações sofridas pelos estudantes indígenas.
Entenda a história
De acordo com os estudantes, em julho desse ano, alunos indígenas veteranos da UEFS estavam no Centro Social Urbano de Feira de Santana, prestando auxílio a candidatos indígenas que iriam prestar vestibular, quando teriam sido ofendidos por policiais militares que passavam pelo local. Na ocasião, um dos estudantes de etnia Pankararu fumava uma 'chanduca' – ritual religioso de sua tribo, quando foi abordado por policiais militares sob a suspeita de estar consumindo drogas.
"Após formularem uma representação contra os policiais na UEFS, os estudantes se surpreenderam com o retorno de policiais ao Centro Social Urbano da cidade. Depois disso, eles retornaram para suas aldeias distribuídas pelo país e não havia certeza do seu retorno", explicou um dos defensores públicos que acompanharam o caso, Maurício Moitinho, titular da 12º DP de Fazenda Pública da 1ª Regional. Acionada pela defensora pública Walmary Dias Pimentel, da Especializada de Direitos Humanos com atuação em Salvador, a1ª Regional interveio no caso e os defensores públicos Maurício Moitinho e Thaíssa Machado convidaram representantes da FUNAI, caciques das tribos Pankararu, pais dos alunos indígenas, Pro-Reitoria de Ações Afirmativas da UEFS e Polícia Militar para uma reunião onde a situação pudesse ser solucionada.
ENCAMINHAMENTOS
No encontro, o comando regional da PM afirmou que toda a tropa receberá orientações sobre a cultura e o tratamento destinado aos indígenas. Prometeu ainda que se forem considerados culpados, os policiais envolvidos no caso serão punidos. Com a garantia dada pelo comando da PM na cidade, um dos líderes dos Pankararu informou se sentir "despreocupado", ao sair da reunião.
Já o pró-reitor para Políticas Afirmativas da UEFS, Otto Agra, colocou-se à disposição para oferecer palestras de capacitação sobre comportamentos de etnias durante os Cursos de Formação da PM/BA. Também ao final da reunião, lideranças das tribos Pankararu convidaram a Defensoria Pública, Polícia Militar e UEFS para participarem da 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista, de 1º a 3 de Setembro próximo.