Na Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA o aprendizado e a ampliação do conhecimento não param! Este mês de julho começou com a “Formação Continuada em Gênero” e que, só na primeira aula, realizada na quinta-feira, dia 1º, atraiu mais de 150 defensores(as) públicos(as), servidores(as) e estagiários(as) com interesse em aprender mais sobre o assunto.

Realizado na modalidade on-line e transmitido através da plataforma Zoom, o curso é promovido pela Escola Superior da Defensoria – Esdep – e pelo Núcleo de Defesa das Mulheres – Nudem – da Instituição. Além deste primeiro, estão previstos mais quatro encontros nos dias 8, 15, 22 e 29 de julho, sempre das 17 às 19h.

“A ideia é criar e possibilitar, tanto no ambiente interno como nas relações da Instituição com o público externo e através da missão de educação para direitos, que todas as pessoas tenham acesso a esse conhecimento tão caro para nós, que são as relações de gênero”, explicou a subdefensora-geral e mediadora deste primeiro encontro, Firmiane Venâncio. “É um tema caro para todos nós, como cidadãos e mais ainda como defensores e defensoras públicas”, concordou o diretor da Esdep, Clériston Cavalcante de Macêdo.

A primeira aula teve como tema “Gênero e História: Teorias Feministas” e contou com os ensinamentos e reflexões de quem entende e pesquisa, diariamente, o assunto no mais antigo grupo de estudos sobre a mulher no Brasil: o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia – NEIM/UFBA, que tem 38 anos de existência e, há 13 anos, cooperou com a formação de defensores(as) e servidores(as), quando o Nudem foi implantado pela Defensoria. “Foi uma parceria que rendeu muitos frutos. Se hoje estamos aqui hoje, é parte também desta história”, lembrou a subdefensora-geral, que coordenou o Nudem e também é Mestra e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Gênero, Mulheres e Feminismos – PPGNEIM – da UFBA.

“É uma luta que vem de longe”

Trazendo os aspectos históricos do tema e definições de diversas autoras sobre o que é feminismo, a professora, Mestra e Doutora em História e pesquisadora do NEIM, Iole Macedo Vanin, destacou toda a trajetória de resistência, luta por autonomia e conquistas das mulheres. “Ao longo da história, as mulheres sempre resistiram as situações de opressão nas suas mais variadas formas. É uma luta que vem de longe. A finalidade do feminismo é o empoderamento das mulheres e podemos abordá-los no nível das ideias e do discurso (pensamento/reflexão) e através das práticas sociais (ações individuais e/ou movimento social)”, ressaltou.

Também pesquisadora do NEIM, a Doutora em Ciências Sociais e professora do Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da UFBA, Maíra Kubík Mano, falou sobre as práxis feministas, as divisões sexual e racial do trabalho, a hierarquia, o trabalho doméstico e de cuidados com crianças e idosos, por exemplo, como sendo específicos de mulheres, a carga mental e a dupla ou tripla jornada atribuída sempre às mulheres.

“As teorias feministas trazem a constatação do quão oprimidas nós somos, de como essas desigualdades de gênero, raça e classe são estruturantes na nossa sociedade e mostram que também podemos resistir diante disso e formular as nossas estratégias de resistência. Nos últimos anos, temos vivido um boom, um crescimento do feminismo tanto nas ruas como na academia. É a partir da realidade que as mulheres pensam a sua teoria”, percebeu a pesquisadora.

Censo

Ainda durante a aula, a subdefensora-geral adiantou que na próxima sexta-feira, dia 9, às 10h, a DPE/BA vai divulgar o resultado da segunda etapa do Censo feito com o público interno e que, desta vez, abordou as relações de gênero dentro da Instituição.

“A Defensoria da Bahia teve uma atitude extremamente corajosa de fazer este diagnóstico das relações de gênero, da forma que as mulheres e os homens se enxergam na Instituição. A partir deste diagnóstico, vamos conversar muito. Tem algo muito bom para vir”, garantiu Firmiane Venâncio.