COMUNICAÇÃO
Idosos do Lar Irmã Lurdes recebem visita de crianças e adolescentes da ACOPAMEC
Oficina de máscaras, contagem de piadas e músicas marcaram o encontro.
Na terça-feira, 26, atividade já havia acontecido no Abrigo São Gabriel para Idosos de Deus
11, 15, 16, 17, 60, 80, 98 anos. As idades e gerações são bem distintas. Mas as diferenças acabaram se ajustando, se encontrando, se moldando uma a outra quando cerca de 10 crianças e adolescentes da Acopamec visitaram pela primeira vez o Lar Irmã Lurdes na manhã nesta quinta-feira, 28. A casa, que abriga 41 idosos entre 60 e 98 anos, abriu suas portas e deixou que a juventude pudesse entrar, a partir de uma ação da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizada de forma conjunta entre Especializada do Idoso e Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. A iniciativa é uma comemoração ao Dia dos Avós, celebrado na última terça-feira, 26.
Dona Miralva, por exemplo, deixou temporariamente o bordado de lado para conversar com as visitantes. Revelou a contragosto os 80 anos (baixinho, para que poucas pessoas pudessem ouvir); falou do acidente onde quebrou o pé e o joelho, que terá de operar em breve.
Já "seu" Carlito, o "administrador" da turma idosa, preferiu cantar para as recém-chegadas. Aos 67 anos, ele escolheu uma trilha que incluía músicas de Roberto Carlos, Zeca Pagodinho e outros artistas da MPB. O ecletismo musical, aliás, ganhou o coro das meninas da Acopamec. Depois, foi a vez de juntos, idosos e adolescentes, participarem de uma oficina de máscaras. Era o momento de dar asas à imaginação e colorir a figura recebida por todos.
"A parte mais importante é criar a integração entre duas gerações distintas, respeitando as diferentes fases de desenvolvimento. Criar um link entre essas fases que parecem tão distantes e, mais importante: fazer com que esse encontro despertasse o máximo de emoções positivas e o mínimo de emoções negativas", explicou a psicóloga da Especializada do Idoso, Marina Matos Moura.
Além de integrar, a visita das adolescentes da Acopamec serviram para que os idosos do Lar Irmã Lurdes contassem com uma manhã diferente. No lugar da rotina à qual estão acostumados, gente diferente mostrando ser possível fazer do próprio lar um lugar de entretenimento e lazer.
"Eles gostam muito quando realizamos algum tipo de atividade lúdica ou de lazer. Às vezes levamos à praia, ao teatro, mas nem sempre é possível fazer isso com todos, por conta muitas vezes da limitação de mobilidade. A visita de hoje é muito importante para eles", afirmou Simaria Leal, assistente social da casa abrigo. Encaminhados muitas vezes por hospitais, Ministério Público ou outras portas da rede de atenção a pessoas idosas, muito dos que chegaram ali vivem uma situação de mobilidade reduzida, seja por conta de sequelas de um AVC, Demência, Alzheimer, entre outras doenças. Mas todos eles têm no afeto um poderoso remédio contra o esquecimento familiar.
Do outro lado, as jovens abrigadas na Associação das Comunidades Paroquiais de Mata Escura e Calabetão – Acopamec também puderem contar com doses extras de afeto. Muitas delas lembraram dos avôs e avós já falecidos e viram naquele grupo da chamada "melhor idade" um jeito mais leve e engraçado de levar a vida.
"Estou achando uma atividade legal. Gostei de todos daqui e pretendo voltar pra visitar todo mundo", prometeu Iris Valverde. Nascida em Irará e vivendo na instituição há apenas 10 dias, outras promessas foram feitas pela jovem: "estudar, fazer cursos e fazer aulas de dança".
De acordo com a educadora Adriana Araújo, a manhã de hoje pôde ser considerada especial já que ali estava um grupo de pessoas que representam como seremos nós amanhã. "Estou emocionada e espero sinceramente chegar à idade de boa parte das pessoas que estão aqui. Quero que as meninas vejam estas pessoas e percebam que é possível ter também uma vida longa e feliz", revelou.
Outro que também participou foi o psicólogo Érico Rodeiro Schle, a partir da parceria entre DPE e a Unifacs. Graças ao trabalho em conjunto, estudantes de psicologia da faculdade realizam atividades terapêuticas em instituições de longa permanência para idosos com o apoio logístico da Defensoria. Coube à Érico a entrega das máscaras e materiais de pintura aos idosos.
Já para a assistente social da Defensoria, Raísa Aquino, gratidão é a palavra que define a atividade realizada na manhã de hoje. O sorriso nos lábios de todos que participaram da iniciativa idealizada pelas defensoras Maria Carmen Novaes, da Dedica, e Laise Leite, da Especializada do Idoso, mostra que a profissional tinha razão.