COMUNICAÇÃO

II Júri Simulado julga Zumbi dos Palmares e emociona a plateia

23/11/2017 16:09 | Por Elaine Lima estagiária com supervisão de Daniel Gramacho DRT/BA 3686

Após 322 anos, Zumbi dos Palmares é absolvido em um julgamento popular

 

“Ser livre é ter o direito de escolher o seu próprio destino”, foi com esta frase que representa o espírito de liberdade de Zumbi dos Palmares, que se iniciou o II Júri Simulado – Releitura do Direito na História, idealizado e promovido pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, como parte da programação em homenagem ao Novembro Negro. O evento aconteceu hoje, 23, no Teatro do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia – IRDEB.

No primeiro momento foram sorteados os jurados pela defensora pública Ananda Benevides que interpretou a juíza. Logo após, a acusação representada pelo defensor público Igor Raphael entrou em ação, fazendo a leitura da denúncia dos crimes pelos quais Zumbi teria supostamente sido o autor. Já a defesa estabelecida pelo subcoordenador da 5ª Regional da DPE em Juazeiro, André Lima Cerqueira, emocionou os jurados e defendeu a extinção da punibilidade de Zumbi, bem como propôs tirar a escravidão da invisibilidade.

Zumbi dos Palmares foi interpretado pelo ator Sérgio Laurentino, do bando de Teatro Olodum, que conseguiu alcançar a emoção dos presentes, trazendo a reflexão sobre o que é ser negro, e a resistência necessária de Zumbi para não sucumbir diante dos ideais da Coroa. Como resultado do júri, depois de 322 anos Zumbi foi absolvido, em um julgamento onde teve os seus direitos fundamentais respeitados, sobretudo o direto ao contraditório e à ampla defesa.

Ao final do julgamento o subdefensor público geral, Rafson Ximenes, explicou o porquê de toda a sistemática apresentada: “O julgamento vem para representar símbolos. Demonstrar para as pessoas como é um processo penal e mostrar as nuances que existem em um processo penal”. Segundo ele, não existe a verdade em uma constituição histórica, o que sabemos são as versões existentes, que em sua maioria não são neutras.

Para André Cerqueira participar do Júri Simulado foi uma grande satisfação, a preparação para ele também foi muito grande, considerando a controvérsia na história em relação a Zumbi. “A liberdade deve vencer em relação ao racismo, e nós devemos superar qualquer tipo de discriminação seja ela ética, racial ou sexual. Para que todos possam viver em uma sociedade livre e justa”, afirmou o defensor público.

Também esteve presente a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, que parabenizou a iniciativa do subdefensor público geral, Rafson Ximenes, que com o projeto conseguiu deixar o Novembro Negro com conteúdo ainda mais político. “Esse júri simulado nos deu uma aula, que desperta a nossa consciência crítica para os episódios que estruturou o racismo no nosso país”, afirmou a secretária.