COMUNICAÇÃO
ILHÉUS – Defensoria e Conselho Tutelar apuram denúncia de violação de direitos na Maternidade Santa Helena
Denúncia circulou nas redes sociais mostrando mulheres em parto em condições de precariedade
Após denúncia que circulou nas redes sociais no final da semana passado sobre a precariedade no serviço público de saúde na Maternidade Santa Helena, do Hospital Público São José, em Ilhéus, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA foi ao local para averiguar a situação, juntamente com o Conselho Tutelar.
Foi realizada uma reunião na segunda-feira, 19, com o diretor técnico da maternidade, Carlos Alberto Lira, e com a técnica de planejamento de direção hospitalar, Marleide Dutra, para colher informações e subsidiar futura atuação institucional. Além do Conselho Tutelar, a DPE/BA na comarca de Ilhéus, representada pela defensora pública da Vara da Infância e Juventude Júlia Almeida Baranski, contou na reunião com o auxílio da assistente social, Márcia Pithon.
Conforme Júlia Baranski, diante da gravidade da crise que afeta a saúde pública em Ilhéus, a Defensoria já iniciou sua atuação estratégica no município, estudando possibilidade de instauração de Procedimento Para Apuração de Dano Coletivo – PADAC e demais medidas judiciais cabíveis.
A Defensoria expedirá ofícios à Secretaria de Saúde do Município requisitando o instrumento administrativo em que a Maternidade Santa Helena se compromete com a municipalidade em prestar atendimento obstétrico. Solicitará também o orçamento da saúde da Prefeitura, especificamente em relação às gestantes e à obstetrícia, bem como o plano plurianual e explicações sobre os repasses das verbas e eventuais aditivos contratuais.
Entenda o caso
Os vídeos e fotos veiculados pelo WhatsApp mostravam cerca de oito mulheres em situação de pré e pós parto alocadas num recinto em péssimas condições. De acordo com a defensora pública da Vara da Infância e Juventude de Ilhéus Júlia Almeida Baranski, as fotos compartilhadas indicavam que o local não havia leitos, berços, equipamentos e aparelhos técnicos; as mulheres estavam em tatames, deitadas juntas no chão.
“A sala estava molhada, em razão das chuvas constantes da semana passada, e havia um fio desencapado, colocando em risco a integridade física de mulheres e crianças. A situação é de inaceitável violação ao marco da primeira infância, além de sujeitar gestantes e mulheres em pré e pós parto à violência obstétrica”, declarou Júlia Baranski.
A Defensoria verificou o local onde os vídeos foram feitos e constatou o fio desencapado. Os leitos estavam vazios e as gestantes já haviam recebido alta. Conforme a defensora pública, a sala é um local onde se fazem partos humanizados, e segundo o diretor do hospital houve situação atípica com a realização na ocasião de 35 partos, enquanto a média é de 12 partos por dia. A assistência às gestantes teria sido escolha da equipe plantonista, mesmo sem condições para a prestação do socorro.
Júlia Baranski esclareceu ainda que os defensores públicos da comarca de Ilhéus lidam com problemas na saúde pública há muito tempo e a maternidade já responde a ações contra erro médico, negligência no atendimento, entre outros.