COMUNICAÇÃO

Ilhéus – Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa é celebrado com palestra

17/06/2016 19:14 | Por CAMILA MOREIRA DRT 3776/BA

Atividade aconteceu na sede da Defensoria, em Ilhéus, e reuniu estagiários, servidores, defensores públicos, assistidos e estudantes da UNIT

Você já se imaginou aos 60 anos? Já pensou se estará trabalhando ou aproveitando a aposentadoria para viajar a lugares ainda não conhecidos? Vivendo em casa, ou morando com filhos e netos? Já pensou fazer da idade o pontapé inicial para o descobrimento de um admirável mundo novo e aprender a "aprender" novamente? Para o que quer que tenha imaginado, a certeza é uma só: todos os seus direitos deverão ser assegurados independente da idade que terá.

E foi pensando em comemorar o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado no dia 15 de junho, que a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA em Ilhéus promoveu programação especial para marcar a data. Convidada pela DPE, a coordenadora pedagógica da Universidade Aberta da Terceira Idade (UNATI), Maria Aparecida Santos Aguiar, falou para um público formado por estagiários, servidores, defensores e assistidos sobre as diferentes formas de violência praticadas contra a pessoa idosa. Seja ela física, psicológica ou patrimonial.

De acordo com a representante da UNATI, a violência pode ser expressa através de maus-tratos físicos, psicológicos, ou a partir do abuso e apropriação indevida dos recursos financeiros e patrimoniais das pessoas idosas. Muitas vezes, de maneira ilegal e não consentida. São casos onde benefícios, aposentadorias e pensões passam a ser geridos indevidamente por filhos, netos, irmãos ou outras pessoas. Ainda segundo Maria Aparecida, outra forma de violência é o isolamento social causado pela inobservância do idoso como um integrante ativo da sociedade a qual pertence.

Segundo o IBGE, o número de idosos dobrou nos últimos 20 anos no Brasil. Se na década de 90 esse número era de 10,7 milhões, em 2011 pessoas com mais de 60 anos chegaram a 23,5 milhões de brasileiros. Na última pesquisa feita, de 2013, já eram 26,1 milhões de idosos no país.

Aos 60 anos, Luiz Honório de Oliveira é um dos integrantes da pesquisa do IBGE. Assistido da Defensoria, ele foi um dos convidados a falar na atividade proposta pela regional. Foi a oportunidade que teve em dividir com outras pessoas um pouco da sua história. Paulista, chegou à cidade ao mesmo tempo em que o NAP da Regional foi criado, em setembro de 2014. Atendido pela psicóloga Marisa Batista da Silva e pela assistente social da unidade, Fabiana Valéria, as queixas eram recorrentes: insatisfação com os serviços públicos e com a assistência social das instituições públicas onde foi atendido antes, tendo em vista sequelas de problemas de saúde parcialmente superados. Os problemas, segundo ele, o mantiveram durante cinco anos sem o movimento das pernas e sem fala. Encaminhado pela Defensoria Pública de São Paulo e pela Defensoria Pública da União, onde por muito tempo foi atendido, passou a ser assistido pela psicóloga e pela assistente social da DPE, demonstrando-se totalmente dependente do atendimento, quase diário, para resolução dos seus problemas, inclusive de ordem pessoal, alegando incapacidade para tomar decisões por si só e ausência de parentes que pudessem acolhê-lo.

Mas a história começou a mudar quando, depois de ser orientado pelo NAP a se inscrever no programa Universidade da Terceira Idade, Luiz Honório procurou a DPE para informar que havia se matriculado nos cursos de Informática, Inglês, Francês e Espanhol. Com o tempo ocupado por diversas atividades, passou a conviver com outras pessoas, adquirir novos conhecimentos. "Lá eu encontro pessoas gentis, amorosas, que me tratam com carinho e respeito; esqueço até do tempo, esqueço que preciso voltar pra casa", revelou Honório. Para ele, a universidade é bem mais do que um lugar capaz de ofertar formação. Foi lá que ele reaprendeu a conviver coletivamente, descobrir suas potencialidades e aprender a lidar com o mundo e as limitações de cada fase da vida.

Ainda como parte da programação, coube à servidora Eliane Suzarte, Analista de Direito, a apresentação de uma crônica sobre a surpreendente contestação do envelhecimento.

DIREITOS

De acordo com a subcoordenadora da 3ª Regional, Cristiane Barreto, é indispensável que se viabilizem ações relativas à conscientização da violência contra a pessoa idosa enquanto ameaça às premissas dos Direitos Humanos. Barreto lembrou ainda que a Defensoria Pública integra a rede de atendimento e proteção à pessoa idosa, seja através de discussões, ações individuais e coletivas, ou outras ações.

Para a defensora pública Maria Silvia Tavares, o preconceito contra o passar dos anos de uma pessoa é a ignorância de que envelhecer é um modo de não morrer jovem. Ela parabenizou a iniciativa da Defensoria de falar sobre violência contra a pessoa idosa, já que "as diversas formas de violência e submissão dos anciãos acontecem desde o âmbito familiar até as instituições públicas".

Já segundo a servidora e estudante de Direito Janaina Moraes Barreto, a atividade reforçou a necessidade do fortalecimento de políticas públicas que promovam a integração entre os jovens e idosos. "Proporcionando também atividades que estimulem o exercício intelectual e criativo como elementos fundamentais à dignidade e qualidade de vida na velhice, pois a imagem da pessoa idosa como um ser frágil, dependente, e incapaz está cada vez mais distante da realidade", disse Janaina.

Qualquer pessoa idosa que seja vítima de violência pode procurar a Defensoria Pública para denunciar a situação. Os atendimentos acontecem na Avenida Canavieiras, nº 170, bairro Teresópolis, de segunda a sexta-feira.

Já idosos que queiram se inscrever na Universidade da Terceira Idade podem procurar a unidade e se matricular nos cursos oferecidos pela instituição. São atividades como coral, artesanato, línguas, informática, xadrez, matemática, corte e costura, entre outros cursos.