COMUNICAÇÃO
ILHÉUS – Profissionais do sexo relatam à Defensoria dificuldades e riscos durante a pandemia
Durante ‘Roda de Conversa’, elas relataram medo do contágio, falta de dinheiro e diminuição do número de clientes, que as obrigam a tirar as máscaras
O desabafo foi unânime: “a recomendação é de ficar em casa, mas nós não temos opção: ou vamos para rua ou passamos fome”, afirmaram as mulheres, segundo a psicóloga da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, Marisa Batista da Silva. Que a pandemia causada pelo novo coronavírus afetou diretamente a vida da população todo mundo sabe. Mas, o que fazer quando se é trabalhador(a) autônomo(a) ou informal e precisa encarar a pandemia? Em Ilhéus, no sul do estado, as profissionais do sexo relataram à Defensoria todas as dificuldades e os riscos vividos por elas durante este período.
Iniciativa da 3ª Regional da DPE/BA, sediada em Ilhéus e organizada pelo Núcleo de Apoio Psicossocial – NAP, a ‘Roda de Conversa’ foi realizada de forma presencial e seguiu todos protocolos de distanciamento social, uso de máscaras e de álcool em gel para evitar a disseminação do coronavírus.
Além das próprias profissionais do sexo, da defensora pública que atua em Ilhéus, Cristiane Barreto, e da psicóloga do NAP, o encontro contou com a participação das representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, da União Brasileira de Mulheres e da Pastoral da Mulher Marginalizada, que formam uma Rede e se uniram para fazer a escuta e pensar em soluções.
“A condição de vulnerabilidade destas trabalhadoras aumentou, ainda mais, desde o começo da pandemia e os relatos apontaram que falta dinheiro até para comprar alimentos para sobreviver. Segundo elas, o número de clientes diminuiu e, os poucos que aparecem, não aceitam as condições impostas por elas, como o uso de máscara, por exemplo”, relatou a psicóloga Marisa Silva.
De acordo com a defensora pública Cristiane Barreto, a partir desta escuta, que aconteceu em pleno Mês da Mulher [dia 30 de março], percebe-se que a Rede Socioassistencial e de Proteção à Mulher do Município deve se articular para acolher e tentar minimizar as dificuldades e os riscos pelos quais elas passam.
“Além de aproximar a Defensoria das mulheres, esta conversa promoveu novas articulações em Rede para atendimento e acolhimento destas trabalhadoras que também tiveram suas atividades afetadas pela pandemia”, acrescentou a defensora.
Auxílio Emergencial
Desde o início deste ano, a Câmara Municipal de Ilhéus defende a criação de um Auxílio Emergencial para os moradores que perderam as condições de trabalho e renda na pandemia. A possibilidade de tornar o Auxílio um projeto de lei vem sendo discutida com a Prefeitura.
“A Defensoria é a favor deste projeto e acompanhará todas as discussões sobre o tema. Estamos aqui para atuar de forma estratégica e para garantir o acesso da população aos seus direitos”, assegurou o coordenador da 3ª Regional da DPE/BA, Leonardo Salles.