Bia, uma menina negra, muito querida e que pelas respostas que dá aos questionamentos sobre seu cabelo, sua religião, sua escolha pela personagem de princesa nas brincadeiras e seu sonho de ser médica quando crescer já sabe como enfrentar o racismo e a intolerância. Baseados em fatos, os minicontos sobre a realidade vivida por Bia levaram à Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA a elaborar uma cartilha sobre o tema e motivaram a realização da Ação Cidadã “Infância sem racismo: por uma educação antirracista!”. A campanha será lançada na próxima quinta-feira, dia 25, às 15h, com transmissão através das páginas e canais da Instituição no Facebook, YouTube e Twitter.

De acordo com a programação, o lançamento contará com uma mesa institucional que terá a participação do defensor público geral, Rafson Saraiva Ximenes, da coordenadora da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar Argolo, da coordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos e Itinerante, Eva Rodrigues, e da ouvidora-geral da DPE/BA, Sirlene Assis.

Ainda na programação, logo após a mesa institucional, haverá um debate sobre o tema com a defensora pública Laíssa Rocha; a chefe do escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF na Bahia, Helena Oliveira; a mestre e doutora em Educação, com pós-doutorado em Sociologia da Educação, professora da Faculdade de Educação da UFBA e coordenadora do Grupo ERÊ, Nanci Franco; e atriz do espetáculo Sarauzinho da Calu, Clara Cardoso Santos.

A Ação Cidadã

Na defesa de ideias de que ninguém nasce racista, que o racismo é crime e deve ser combatido desde a infância para que as crianças não reproduzam os comportamentos que veem nos adultos, a Ação Cidadã “Infância sem racismo” tem caráter permanente com ações que serão realizadas durante o ano todo. O projeto foi idealizado pelas defensoras públicas Gisele Aguiar Argolo, que coordena a Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Laíssa Rocha, que atua na defesa dos direitos da criança e do adolescente, e Eva Rodrigues, coordena a Especializada de Proteção aos Direitos Humanos e Itinerante da DPE/BA.

“É uma campanha voltada para crianças, adolescentes, adultos – pais, responsáveis e educadores – e a sociedade em geral. Queremos empoderar e orientar as crianças negras para que elas percebam, desde cedo, as situações de racismo e saibam como enfrentá-las. Queremos incentivar que as crianças brancas não sejam racistas e aprendam a questionar caso vejam algum ou alguma colega sendo vítima de preconceito. E queremos que os adultos estejam conscientes de que a prática do racismo é crime e que devem ter cuidado com o que é dito na frente das crianças, pois, muitas vezes, o comportamento e as atitudes deles [adultos] são reproduzidos pelos pequenos”, explicou a coordenadora Gisele Aguiar Argolo.

De acordo com a defensora Laíssa Rocha, durante as reuniões de concepção da campanha foram abordados diversos temas até chegar à ideia principal. “A campanha também tem como um dos seus escopos romper o silenciamento sobre o debate das relações étnico-raciais na infância. Afinal as crianças, enquanto cidadãs e integrantes do corpo social, desde muito cedo, sofrem influência direta dos valores difundidos na sociedade que é estruturalmente racista”.

A defensora pública pontuou ainda que “a ideia é adotar ações e práticas antirracistas com o foco no público infantil, de modo a propiciar uma construção positiva de identidade nas crianças e adolescentes negros, valorizando as suas autoestima e autoimagem, ao tempo em que se envida esforços para que todas as outras crianças não mais colaborem para perpetuação do racismo. O objetivo maior, portanto, é contribuir para a transformação social com a promoção da igualdade racial”, relatou.

Com o mote “Infância sem racismo – vamos conversar, aprender e transformar”, a campanha será veiculada em outdoors e busdoors pela cidade e prevê também spots [propaganda auditiva] sobre exemplo e empatia, filmes sobre cabelo e profissão e cards sobre a importância de conversar sobre racismo e como procurar a ajuda da Defensoria se a criança for vítima de preconceito.

“Começamos a discutir esta campanha há quase quatro anos. Iniciamos com a proposta de criar uma cartilha e, com o tempo, percebemos a necessidade de falarmos e fazermos mais. Além da cartilha, iremos desenvolver diversas ações, ao longo do ano, com objetivo de visibilizar a temática do enfrentamento ao racismo desde a infância, afinal – nunca é demais lembrar a fala da Ângela Davis: ‘numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista’”, acrescentou a coordenadora Eva Rodrigues.

A cartilha “Nossa querida Bia – Enfrentamento ao racismo desde a infância”, que será lançada durante a campanha, estará disponível no site da DPE/BA e também será distribuída, logo que os protocolos de disseminação contra o coronavírus permitirem, nas sedes da Defensoria da capital e do interior, assim como em instituições parceiras.

“Nossa querida Bia é a realização do desejo de uma mãe que vive o desafio de educar seus filhos de pele negra em uma sociedade racista. Reunimos, nesta  cartilha, histórias  criadas  a  muitas  mãos  e  muitos  corações  por  Laíssa,  Gisele, Eva, Karina e Nanci, para ajudar as pessoas a combater o racismo desde criança!”, consta na apresentação desta primeira edição da cartilha, que também faz referências às autoras, que participarão do lançamento.

Serviço

O quê: Lançamento da campanha “Infância Sem Racismo” da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA

Quando: Quinta-feira, dia 25 de março, às 15h

Onde: Páginas e canais da Defensoria Bahia no Facebook, YouTube e Twitter