COMUNICAÇÃO
Irará – Defensoria inicia projeto de educação em direitos nas escolas
Programa foi implementado na escola Escola Municipal Santa Bárbara, na zona rural da comunidade do Largo, em Irará, e atingiu público de 120 pessoas
Uma coletividade ávida por conhecimento e aberta à escuta sensível. Foi esse o público que recebeu a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) durante roda de conversa implementada pela instituição na cidade de Irará, em 14 de junho. O encontro foi a primeira edição do projeto Roda de Conversa: Defensoria Pública na Comunidade, lançado pela DPE/BA e que ganhará calendário mensal próprio.
Com a iniciativa, a Defensoria se desloca até as escolas para fazer educação em direitos por meio da construção de um diálogo com a comunidade, proporcionando momentos de fala e escuta, construídos a partir das necessidades e interesses dos participantes.
A defensora pública Lavinie Eloah, responsável pela iniciativa, explica que o formato escolhido buscou valorizar o diálogo e a troca horizontal, e por isso foi preferido ao de uma palestra ou seminário, por exemplo, que não emprestam ênfase ao empoderamento individual.
“O projeto surgiu pois percebemos que vários temas que se tornam ações penais e no cível acontecem por falta de informação da população. Não queria que o momento remetesse à hierarquia, então pensamos nas rodas de conversa como formato para que as pessoas sejam protagonistas de suas histórias”, relata.
A primeira edição foi na Escola Municipal Santa Bárbara, na zona rural da comunidade do Largo, em Irará. Entre pais e alunos, o evento mobilizou a participação de mais de 120 pessoas, após divulgação nas rádios locais.
Perguntas difíceis, respostas necessárias
Racismo, abuso sexual infantil, violência doméstica e saúde mental foram alguns dos tópicos enfrentados durante a conversa. Como estímulo ao diálogo construtivo, foram colocadas caixinhas para o depósito das perguntas por escrito, e os questionamentos anônimos funcionaram como ponto de partida para as falas.
“Por que homem bate em mulher?”, “como reagir ao bullying?”, “o que é ansiedade?”, “o que fazer quando alguém discrimina meu cabelo?” foram algumas das perguntas trazidas pelos estudantes e pais.
Os temas relativos à saúde mental, apesar de grande fatia do público-alvo ter somente de 6 e 18 anos, foram recorrentes na ocasião. “Em certo momento, uma mãe no final me chamou para relatar que tinha depressão há 10 anos, e o filho sabia da doença, mas só agora ele estava começando a entender de fato esses temas. O que eu vi é que o tema da saúde mental está chegando muito cedo na vida das pessoas, e mesmo nas comunidades rurais”, observa a defensora.
Para emprestar a visão multidisciplinar necessária à ocasião, o projeto contou também com a participação de instituições parceiras, como o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Centro de Referência de Assistência Social (CREAS), o Conselho Tutelar e a Prefeitura de Irará. A expectativa é que o calendário do projeto tenha novos encontros, no mínimo, mensais.