COMUNICAÇÃO
Itaberaba – Estudante cego ganha autonomia com óculos para leitura e reconhecimento facial
O acesso à tecnologia assistiva foi garantido através da atuação da Defensoria da Bahia; a pedido da instituição, o Judiciário determinou o fornecimento do dispositivo ao itaberabense.
A aquisição dos óculos de tecnologia assistiva que converte imagens em áudio vai transformar a vida de um estudante universitário de Itaberaba, no território de identidade Piemonte do Paraguaçu. Diagnosticado com cegueira total e congênita, Wiliam Ponciano, 32, vinha encontrando diversas dificuldades para dar continuidade à formação em Direito e nas atividades habituais.
“Muitos dos materiais indicados pelos professores, não encontro em braile ou formato pdf, e falta profissionais especializados na universidade. Estou no nono semestre e nunca tive acesso ao Vade Mecum (livro que compila os principais dispositivos legais do sistema jurídico). No comércio, preciso do auxílio de alguém para identificar o produto, saber o preço, etc. Falta acessibilidade em nossa sociedade”, critica o estudante de Direito.
Wiliam Ponciano terá mais autonomia para realizar suas atividades a partir de agora com os óculos OrCam MyEye, recebidos na última quarta-feira, 30. O acesso do estudante à tecnologia foi possibilitado pela atuação da Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA). A pedido da instituição, o Judiciário determinou o fornecimento do dispositivo de tecnologia assistiva ao itaberabense.
Os óculos recebidos por Wiliam são do mesmo modelo distribuído pelo Governo do Estado para mais de 200 estudantes da rede pública. De acordo com o fabricante, a câmera inteligente acoplada aos óculos captura as imagens do ambiente e articula as informações visuais em áudio em tempo real. Com o dispositivo, o estudante poderá ler textos, identificar produtos, notas de dinheiro, reconhecer rostos e cores.
“Esperei ansiosamente por esse aparelho porque ele vai me permitir acessar muitas coisas que não consigo hoje. Com ele, terei uma independência fundamental para mim. Ainda sofro muito com a falta de conhecimento e ações de acessibilidade tanto por parte das instituições, quanto das instituições”, relembra Ponciano.
A atuação para amenizar os problemas da falta de acessibilidade enfrentados por Wiliam foi realizada pelo defensor público Wellington Lisboa. Para ele, o acesso à tecnologia assistiva vai transformar a maneira como o estudante interage com o mundo ao seu redor, reduzir a sensação de isolamento e promover relacionamentos mais significativos.
“A capacidade de acessar informações escritas não só enriquece a vida social e cultural, mas também permite que as pessoas mantenham sua autonomia em ambientes que antes poderiam ser desafiadores. O reconhecimento facial, por outro lado, contribui para uma interação mais natural e enriquecedora”, pontua o defensor público.
Entre as normativas utilizadas pelo defensor Wellington Lisboa para garantir o fornecimento da tecnologia, estão a previsão o Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Pessoa com Deficiência (PNAISPD).