Primeira ação do projeto da Defensoria Pública empolgou jovens que assistiram a vitória do time baiano sobre a equipe cearense

Seis adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas tiveram um sábado diferente. Isso porque eles trocaram as dependências internas da Comunidade de Atendimento Socioeducativo – CASE CIA pelas cadeiras da torcida do Vitória no estádio Manoel Barradas, o Barradão, e acompanharam de perto a partida entre o time baiano e a equipe do Ceará. A empolgação de entrar pela primeira vez em uma estádio e assistir a uma partida oficial de futebol foi grande. “Pôxa, foi maravilhoso. Nunca fui a um estádio, é uma sensação boa. Essa saída ajuda a refletir um pouco, esquecer aquele ambiente”, afirmou J., de 20 anos. Para J.C.,que embora preferisse o surf ao futebol, a possibilidade de ter sido um dos primeiros jovens a serem escolhidos para participar do projeto Jovens no Estádio, promovido pela Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA representou uma pequena vitória. “Ajuda a mente da gente”, pontuou.

De forma inédita, a Defensoria baiana vai proporcionar a crianças e adolescentes acolhidos em abrigos ou em cumprimento de medida socioeducativa a oportunidade de assistir a partidas de diversos campeonatos em todo o estado. A partir de parcerias firmadas com os clubes baianos, cada equipe poderá disponibilizar uma cota de ingressos destinados aos jovens institucionalizados durante os jogos realizados na capital e no interior. “Mais do que garantir direitos, é papel primordial da Defensoria o aspecto pacificador. E quando se trata do acesso à educação, ao esporte e lazer, aí sim podemos falar das garantias previstas no ECA. O fortalecimento das parcerias da DPE com outras instituições tem ocorrido permanentemente”, destacou a subcoordenadora da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria Carmen Novaes.

O Esporte Clube Vitória foi a primeira equipe de futebol a apoiar a iniciativa da Defensoria. A gerência do clube destinou 12 ingressos para a partida do último sábado, considerada decisiva para o time baiano. “O Vitória não é só uma entidade esportiva voltada para o futebol (…). Como organização sem fins lucrativos, temos um papel de convergência, entretenimento. Existe uma consciência plena da necessidade de contribuir com a sociedade para desenvolver outros setores. Ele tem um papel relevante nesse contexto”, afirmou o gestor executivo do clube, Luís José Valente.

Para viabilizar a saída dos jovens, seis socioeducadores da CASE CIA fizeram o acompanhamento dos adolescentes durante todo o período que estiverem fora da unidade, conforme prevê a Lei 12.594/2012, do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – Sinase.

INCLUSÃO

A ideia de promover a inclusão social, a partir de uma das paixões que o brasileiro tem – o futebol, reforça ainda conceitos importantes como meritocracia, responsabilidade e garantia da convivência comunitária de crianças e adolescentes que não têm contato com atividades esportivas. E jogadores como Cristiano Ronaldo, Neymar ou Messi deixam de ser meros esportistas para tornarem-se ídolos de crianças e jovens que sonham com um futuro diferente. São esses últimos, aliás, os ídolos de J.H, de 18 anos. “Gosto muito de futebol, de jogar, de assistir, mas sei que não tenho talento”, admitiu. Para o jovem, falta talento nos campos, mas sobra a vontade de viver uma nova vida quando sair da unidade de atendimento.

Além da Case CIA, o projeto da Defensoria – que será lançado oficialmente em breve – vai contemplar ainda adolescentes das Cases Salvador, Feminina e Brotas, bem como unidades do interior, além de abrigos que acolhem crianças e adolescentes. Instituições que queiram cadastrar-se no projeto poderão ligar o número 3117-9098 ou mandar e-mail para: infancia.juventude@defensoria.ba.gov.br.