“Concordar é uma escolha, respeitar é um dever”. Foi com essa lição de democracia que a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA demonstrou na tradicional Lavagem do Bonfim o seu compromisso com a defesa da diversidade, da tolerância e do respeito, na manhã desta quinta-feira, 17. A Lavagem de 2019 teve um dos maiores públicos dos últimos anos.

A jornada até a Basílica do Senhor do Bonfim começou com o habitual culto ecumênico, que contou com a ampla presença de autoridades públicas como o governador Rui Costa, o prefeito de Salvador ACM Neto, secretários, deputados e vereadores, além de representantes do sistema de justiça como a Defensoria, o Ministério Público, e OAB – todos presentes levantando bandeiras importantes para o sadio convívio em sociedade.

“A participação da Defensoria na procissão já é histórica, a manifestação popular busca realmente a paz, a integração universal, valorizamos muito isso. É uma parada também política em que a Instituição mostra ao povo a sua atividade, a sua função essencial à justiça, leva conhecimentos e divulga serviços à população durante o trajeto até a Igreja do Bonfim”, destacou o subdefensor público geral do Estado, Pedro Casali Bahia, que no culto representou tanto a Defensoria Pública e o defensor-geral, Clériston Cavalcante de Macêdo.

O cortejo institucional contou com a presença de representantes do corpo funcional da Instituição, inclusive os quatro candidatos ao cargo de defensor público geral, Mônica Aragão, Rafson Ximenes, Soraia Ramos e Tereza Cristina, além de membros da Associação de Defensores Públicos da Bahia- ADEP. Também compuseram o bloquinho defensorial servidores, estagiários e simpatizantes da DPE/BA, que seguiram animadamente até a Colina Sagrada distribuindo panfletos institucionais e levando ideais de conciliação.

Você poderá conferir a cobertura fotográfica completa no Flickr da Defensoria da Bahia amanhã.

“Cada ano que passa é uma emoção diferente. É muito significante estar aqui na lavagem, porque faço parte da ‘Família Defensoria’. Pra mim é uma honra estar presente e me sinto bem porque a Defensoria é minha segunda casa”, orgulhou-se o servidor Carlos Santos Silva, que trabalha há 22 anos na instituição como auxiliar de serviços gerais e sempre acompanha o cortejo da DPE na festa.

Manifestação cultural

Há 11 anos a Instituição de acesso à justiça marca presença no evento, considerado como a segunda maior manifestação popular da Bahia. O cortejo institucional, que agrega defensores públicos, servidores e estagiários da instituição que se misturam com devotos, foliões e ambulantes, para passar a seguinte ideia: somos guardiões do povo mais vulnerável, estamos próximos e à disposição.

Em anos anteriores a Defensoria levantou bandeiras pelo direito de crer, por mais paz e por mais acesso à justiça para a população mais vulnerável.

Impressões

“Temos todos os motivos para trazer o tema da diversidade e do enfrentamento à intolerância religiosa à Lavagem do Bonfim, pois nós nunca esperávamos desembocar em 2019 com tanto desrespeito à diversidade, e se tem uma festividade que o povo baiano se identifica é essa. Nossa presença é mais do que legítima e nesse momento necessária para que o povo da Bahia saiba que tem um parceiro na defesa da sua pluralidade religiosa. A Bahia sempre foi lugar de convivência e lamentavelmente estão emergindo comportamentos inaceitáveis de afronta às nossas manifestações culturais. É importante a presença e a identidade de uma Defensoria que prima por uma aproximação real com a população” – Vilma Reis, socióloga e ouvidora-geral externa da Defensoria baiana.

“A DPE já participa há muito tempo da Lavagem do Bonfim, a Adep sempre  faz questão de estar presente, levantando as bandeiras que são mais caras para a Instituição e para a sociedade, então é um momento que a gente precisa estar na rua, mostrando a nossa cara, mostrando que a Defensoria existe, que está presente e está aqui pra defender quem mais precisa.” – Elaina Rosas, presidente da Adep/BA.

“Que nós consigamos viver na melhor harmonia possível, numa sociedade com mais tolerância, que apoie e compreenda as diversidades, as complexidades das relações, respeitando as diferenças. É isso que a Defensoria Pública preza. É também momento de agradecer e continuar desejando que consigamos exercer nosso trabalho de atendimento às pessoas mais necessitadas da melhor maneira” – Firmiane Venâncio, diretora da Escola Superior da DPE/BA.

“É muito importante que as instituições – e aí eu me refiro em especial ao Ministério Público e à Defensoria Pública – se integrem a essa festa popular e de perto acompanhem não apenas a festividade, mas se apresentem também para o povo. O sistema de justiça precisa estar próximo da sociedade.” – Ediene Lousado, procuradora-geral de justiça do MPBA.

“A Defensoria Pública na defesa dos excluídos, dos sem voz, dos setores mais vulneráveis da sociedade traz um belo discurso em favor da diversidade, contra a intolerância religiosa. Nós temos que defender as religiões de matriz africana, a comunidade LGBT, a população negra.” – Olívia Santana, deputada estadual e ex-secretária estadual de políticas para mulheres.