COMUNICAÇÃO
Livro de minicontos Nossa Querida Bia é eleito a melhor publicação especial do Sistema de Justiça em prêmio nacional
A publicação também ficou em 3º lugar no Grande Prêmio, que inclui os finalistas de todas as categorias do Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça, apresentado na última sexta, 22
O livro de minicontos “Nossa Querida Bia” foi eleito a melhor Publicação Especial do Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça 2021. O evento foi realizado por videoconferência na sexta-feira, 22, como parte do encerramento do II Seminário On-line do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça. O livro de minicontos faz parte da Ação Cidadã Infância sem Racismo da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA e obteve o primeiro lugar na disputa contra a revista infantil “Liga Infantil dos Heróis Comuns (Mas Especiais)”, do Tribunal de Justiça de Goiás, e a cartilha “Sofreu LGBTIfobia? Procure a Defensoria Pública”, da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos – ambas ficaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugar.
Com tiragem inicial de 20 mil exemplares, a publicação foi idealizada pela Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, por meio das defensoras públicas Laissa Rocha e Gisele Aguiar; e Especializada de Direitos Humanos, por meio da defensora pública Eva Rodrigues. A autoria é partilhada ainda com Karina Moreira Menezes e Nanci Helena Rebouças Franco, que fazem parte do Núcleo Integrado de Estudos e Pesquisas em Infâncias e Educação Infantil – NEPESSI, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia – Faced/UFBA.
Jornalista e chefe de redação Assessoria de Comunicação da Defensoria baiana, Arthur Franco recebeu a premiação em nome da Instituição e destacou que a criação do produto de comunicação, bem como recebimento do prêmio, são a realização de um sonho de todos da DPE/BA.
“A Nossa Querida Bia é o resultado do empenho, trabalho e dedicação que a Defensoria tem no atendimento ao público. Foi uma questão que chegou por meio dos assistidos e vimos a necessidade e discutir o racismo estrutural desde a infância e não esperar que os casos chegassem à Instituição”, declarou.
À época coordenadora da Assessoria de Comunicação da DPE/BA, além de coordenadora editorial e de produção do livro, a jornalista Vanda Amorim destacou a importância da premiação.
“Fiquei muito feliz por ver mais um trabalho finalizado pela Ascom reconhecido nacionalmente. É gratificante ver que surtiram efeitos os cuidados que tivemos para garantir que o projeto das defensoras públicas Laissa Rocha, Gisele Aguiar e Eva Rodrigues se concretizasse em um produto editorial de qualidade”, afirmou Vanda Amorim.
Além da coordenação editorial e de produção da jornalista Vanda Amorim, Nossa Querida Bia contou ainda com o projeto gráfico de Saulo Macedo e do estagiário de designer Mateus Lima.
Enfrentamento ao racismo desde a infância
Defensora pública atuante na Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Laissa Rocha destaca que o prêmio significa o reconhecimento da necessidade de transformação social, da promoção da igualdade racial e de extirpação do racismo na sociedade.
“Essa premiação significa ainda jogar luz na necessidade de se promover o enfretamento do racismo desde a infância. Demonstra a urgência de se educar nossas crianças para as relações raciais já na primeira infância, se quisermos ter a perspectiva de um futuro mais igualitário”, declarou.
Ainda de acordo com Laissa Rocha, a proposta é também influenciar positivamente crianças brancas de modo a romper com o ideário padrão branco e apresenta-las outras possibilidades: a beleza da estética negra, a representação de pessoas negras ocupando espaços de poder, dentre outras. E, além de mulher negra, a defensora pública também é mãe de duas crianças negras: João Gabriel Rocha, 3 anos, e Ana Beatriz Rocha, 6 anos. Esta última, inclusive, foi a inspiração para a Bia dos minicontos.
“Um dos objetivos da publicação era trabalhar com a construção positiva da autoestima das crianças negras, que costuma ser tão fragilizada em razão de vivermos numa sociedade estruturalmente racista. Por isso, inspirada na Bia da vida real, pensamos em uma Bia forte, consciente da sua negritude e que valoriza a sua ancestralidade e cultura”, declarou.
Coordenadora da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar ressaltou que o material é destinado ao público misto – crianças e adultos a fim de descortinar o problema do racismo.
“Muito se discute o racismo já na fase adulta, quando todos aqueles problemas – como a destruição da autoestima, o isolamento e o constrangimento – já haviam ocorrido. O que a Defensoria fez foi mostrar que essa questão existe na infância e que é preciso discuti-lo quando as pessoas ainda são crianças”, afirmou.
Coordenadora da Especializada de Direitos Humanos, Eva Rodrigues comentou sobre a idealização do livro e a criação da Ação Cidadã Infância sem Racismo. “Começamos a discutir esta campanha há quase quatro anos. Iniciamos com a proposta de criar uma publicação e, com o tempo, percebemos a necessidade de falarmos e fazermos mais. Então, este prêmio veio para coroar a visão e o trabalho da Defensoria da Bahia no enfrentamento ao racismo”, finalizou.