COMUNICAÇÃO

Mães levam filhos para aprender mais sobre identidade negra positiva em leitura da Nossa Querida Bia

01/11/2022 16:05 | Por Tunísia Cores - DRT/BA 5496

Evento aconteceu na livraria Leitura, do Salvador Shopping, na última sexta-feira, 28. Entre as mães presentes, esteve Ariane Santiago que levou seus filhos, Aimee e Miguel, para aprender mais com a Defensoria da Bahia

Foi por meio das redes sociais que a educadora e criadora de conteúdo digital Ariane Santiago, 33 anos, soube que a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA realizaria a leitura do livro de minicontos Nossa Querida Bia – Enfrentamento ao Racismo desde a Infância na última sexta-feira, 28. Na ocasião, avaliou que seria uma ótima oportunidade para aprender mais sobre o tema e, como estaria de folga do trabalho, aproveitou para levar seus filhos, Aimee Maria e Antônio Miguel, respectivamente 4 e 8 anos de idade, à Livraria Leitura, onde aconteceria o evento.

“Minha filha não tem todo o fenótipo negro, mas eu a vejo falar sobre o seu cabelo e vejo o irmão falar do cabelo dela, então é um tema que nós precisamos ter atenção e, ao mesmo tempo, conversar sobre isso. Achei uma ótima oportunidade para vir e trazer os meus filhos, pois mesmo que ainda não entendam tanto essas questões, já criam uma familiaridade”, explicou a educadora.

Diante do público que acompanhou a leitura dinâmica da Nossa Querida Bia, Ariane Santiago também ressaltou que a diferenciação entre bullying e racismo, feita pela defensora pública Gisele Aguiar, na abertura do evento, é algo que os educadores devem estar atentos.

Público acompanha abertura do evento de leitura da Nossa Querida Bia, na livraria Leitura do Salvador Shopping | Foto: Tunísia Cores – Ascom DPE/BA

“Nós falamos muito sobre bullying nas escolas, mas eu nunca tinha discutido sobre essa diferença [do racismo], sobre em qual momento acontece uma situação e quando é outra. Então, eu vou estudar mais sobre ambos os temas, parabenizo a atitude da Defensoria e quero discutir isso outras vezes”, afirmou.

Ao abordar a questão em sua fala sobre de abertura, Gisele Aguiar, coordenadora da Especializada de Infância e Juventude, explicou que o bullying acontece com qualquer criança dentro da escola. Que são atos de violência, sim, mas também são algo sistêmico.

“É uma conduta que deve ser tratada, sim, dentro da escola, e pode acontecer com qualquer criança. Já o racismo e a injúria racial, não. Tem o componente racial e a associação da negritude ao negativo. O racismo é crime e atinge toda a coletividade de pessoas, enquanto a injúria racial, atinge o indivíduo. E Isso precisa ficar muito claro para dirigentes escolares e a comunidade escolar”, explicou.

Gisele Aguiar apresentou componentes físicos e emocionais importantes da Bia – uma garota negra, consciente da sua negritude e com a autoestima elevada. A inspiração para a publicação surgiu a partir de atendimentos da respectiva especializada, bem como denúncias de situações negativas vividas diariamente por crianças e adolescentes.

“Nós tomamos a decisão de agir na prevenção e chegar à vida destas pessoas antes da ocorrência do racismo. Nós precisamos levar a Nossa Querida Bia e a Ação Cidadã Infância sem Racismo para o seio das escolas, comunidades e famílias a educação em direito e mostrar que essas situações devem ser evitadas por todos”, explicou Gisele Aguiar.

Antônio Miguel, 4 anos, foi levado pela mãe, Ariane Santiago, ao evento da DPE/BA para aprender mais sobre identidade negra positiva | Foto: Tunísia Cores – Ascom DPE/BA

Assistente social da Especializada de Infância e Juventude, Eduarda Conceição abordou a importância de criar identidade positiva para crianças negras. Além disso, ressaltou que a implementação das leis n. 10.639/2003 e 11.645/2008, nas escolas, são fundamentais no processo de valorização das diferenças e de aprofundamento dos conhecimentos de crianças e adolescentes acerca de suas origens.

Outro ponto destacado por Eduarda Conceição diz respeito à existência do povo negro e dos povos indígenas muito antes dos processos de escravização e de colonização iniciados por brancos europeus e perpetuados nas américas. Tal existência é, muitas vezes, omitida pelos livros de história e contribuem para a perpetuação do racismo.

“Queremos levar para as escolas uma perspectiva afrocentrada, com estudos africanos e também originários. Nossa ancestralidade parte de um lugar que está para além da escravização. Somos herdeiros de reis e rainhas, de pessoas e potências que muitas vezes a gente desconhece”, afirmou a assistente social da DPE/BA.

Esta foi a primeira de quatro leituras da Nossa Querida Bia – Enfrentamento ao Racismo desde a Infância. A próxima acontecerá nesta quinta-feira, 3, às 16, na livraria Leitura de Salvador Shopping. Também acontecerão duas leituras no Salvador Norte Shopping, respectivamente nos dias 18 de novembro e 25 de novembro (sextas-feiras), sempre às 14h, também na livraria Leitura.

O livro de minicontos foi criado pela Defensoria Pública do Estado da Bahia, por meio das defensoras públicas da Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Gisele Aguiar e Laissa Rocha, e da Especializada de Direitos Humanos, Eva Rodrigues. A publicação foi desenvolvida em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, por meio das docentes Karina Moreira Menezes e Nanci Helena Rebouças Franco.