Com os livros, Joana* de 16 anos descobriu poesias, sensações boas e uma ajuda para pensar, como contou. Fabiana*, de 17 anos, encontrou na leitura significados para a expressão de seus sentimentos e o despertar do coração também para a poesia. Por meio dos livros, ambas adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na unidade de internação Case Feminina, em Salvador, puderam imaginar novos horizontes e sonhar novos rumos: Joana quer ser delegada e Fabiana médica veterinária. Na manhã dessa sexta-feira, 17, receberam elas e outras 19 meninas mais de 600 livros da Defensoria Pública do Estado da Bahia -DPE/BA para colaborar nessa jornada de ressocialização.

Essa é a segunda edição da campanha “Doe Um Livro e Escreva uma Nova História”, idealizada pelo defensor público Bruno Moura, que realizou a entrega dos exemplares na unidade entre revistas em quadrinhos, romances e cadernos. De acordo com ele, além do fomento à educação na unidade, outro objetivo também foi alcançado: desmistificar o processo de ressocialização de jovens na sociedade. “Quando você vai a qualquer espaço, as pessoas se solidarizam com a campanha e esquecem que ali, cumprindo medidas, tem pessoas que cometeram atos infracionais até graves, que se ela mesma se visse a notícia do ato infracional, faria um estigma sobre a pessoa. Mas no momento em que trazemos para esse viés de ajudar a ressocializar, nesse processo de desenvolvimento, as pessoas se sensibilizam […] Então, acho que a educação é o instrumento mais fantástico que podemos ter para isso”, acredita Bruno Moura.

Responsável pelas atividades educacionais, a pedagoga Patrícia Souza concorda que as adolescentes em cumprimento de medida precisam mais do que nunca da educação para transformar suas vidas. “Quando elas estão lá fora, a maioria delas está em situação de evasão escolar, de repetência, de abandono. Então, se a gente traz esse incentivo à leitura com a doação de livros, com certeza, a gente reafirma a esperança de mudança de vida”, declarou.

Na ocasião, o defensor público Bruno Moura também prestou orientações acerca do papel da Defensoria baiana às jovens que estão na Case Feminina.

*Nomes fictícios