Integrando a programação em homenagem ao mês da mulher, a Defensoria Pública da Bahia participou nesta segunda-feira (10), de evento comemorativo pelo Dia da Mulher, celebrado no último sábado (08). Promovido pela Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, e com o tema: Lugar de mulher é onde ela quiser, a atividade teve como objetivo valorizar a presença feminina em espaços predominantemente masculinos, bem como oferecer relatos de trajetórias femininas que contribuem significativamente para a transformação social das áreas onde atuam.

Convidada para tratar sobre o trabalho desenvolvido no Núcleo de Defesa e Proteção da Mulher da Defensoria Pública da Bahia, a coordenadora do NUDEM, Firmiane Venâncio, falou sobre o atendimento às assistidas que procuram a DPE após sofrerem violência por parte de maridos, namorados, companheiros, ex-companheiros ou até mesmo dos próprios filhos. Firmiane destacou a importância de estarem atentas a pequenos sinais indicativos daquilo que chama de ciclo da violência. Segundo a defensora, as vítimas não têm em socos, pontapés ou arranhões os primeiros sintomas das agressões domésticas. "A violência não começa com a agressão física. Ela se inicia com tensões que vão desde o monitoramento de onde a parceira está até o tipo de roupa que usa. São sinais que nós, mulheres, precisamos estar atentas a fim de identificarmos nesse momento em que tipo de relação estamos investindo nossas expectativas", pontuou.

Ao falar para um público formado por cerca de 50 empregadas e estudantes do Projeto Jovem Aprendiz da empresa, Firmiane chamou atenção ainda para a autonomia como elemento preponderante para não submissão em relação ao outro. "Vejo muitas meninas jovens aqui hoje e não poderia deixar de falar sobre a centralidade da independência financeira, intelectual e profissional para as mulheres de hoje. Se, no passado, tínhamos de tolerar a máxima ‘ruim com ele, pior sem ele', hoje, temos de estar preparadas para assumir o protagonismo de nossas vidas", sentenciou.

APOIO

Para a ex-titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher - DEAM, Marilda da Luz, o olhar do público feminino nunca deve ser hostil ou condenatório à mulher que sofre violência. "Ao procurar ajuda de outra pessoa, a mulher tende a romper o ciclo da violência, mas não devemos esquecer que, ao fazer isso, ela já comprometeu sua autoestima e orgulho. Podemos e devemos ‘meter a colher' quando tratar-se da violência doméstica", pontuou.

Outra convidada, a vencedora do prêmio Sebrae Mulher 2012, Verônica Lemos, trouxe exemplos de empreendedorismo feminino. Presidente da Cultuarte Bahia - uma associação que reúne pequenos artesãos, ela destacou-se pelo trabalho desenvolvido em parceria com movimentos sociais nas áreas do artesanato, pintura e costura. Com o apoio do Sebrae e da Secretaria Municipal da Reparação de Salvador - SEMUR, o grupo especializou-se e hoje já colhe os frutos da organização do coletivo. Segundo a presidente da entidade, a fonte de renda das artesãs aumentou em média 50% nos últimos anos. "Muitas mulheres passaram a sustentar suas famílias a partir do trabalho que desenvolvem na associação. Além de produzirmos para o mercado local, vendemos nossos produtos para estados como São Paulo, Alagoas, Grande do Norte, Belo Horizonte, Rio Grande do Sul, além de países como Portugal e Itália".

MÊS MULHER

Como ocorre tradicionalmente no período de Março, a Defensoria Pública da Bahia integrará eventos e ações relacionados ao tema, com interlocuções junto a movimentos sociais, entidades da sociedade civil e demais instituições. Ainda no próximo dia 27, a DPE, por meio do NUDEM, promoverá audiência pública com o mote "A Efetividade dos Mecanismos de Proteção à Mulher Vítima de Violência Doméstica - Persistente Desafio". O evento, aberto para toda a comunidade, acontecerá às 9h, no auditório da Esdep, localizado à Rua Pedro Lessa, 123, Canela.