COMUNICAÇÃO
Mediação exige mudança cultural
A mediação exige, em sua aplicação, uma mudança cultural e de perspectiva de vida. Este foi o principal enfoque das especialistas Fernanda Lima, mestre em Ciências Sociais (PUC/MG) e Rosane Fagundes, mestre em Família na Sociedade Contemporânea (UCSAL) no curso que iniciou hoje, quinta, 26, pela manhã, no Hotel Vilamar, em Amaralina, sob o tema "Mediação Teórica e Prática da Mediação".
O evento, realizado pela Escola Superior da Defensoria Pública (ESDEP), faz parte do IV Curso de Formação de Defensores Públicos e capacita também defensores que atuam na área criminal. Segundo Fagundes, para que a mediação funcione, é preciso que princípios e valores da sociedade sejam repensados e reestruturados para dar lugar a uma nova forma de pensar e agir.
A especialista destacou ainda que, no Brasil, predomina a cultura paternalista, o que faz com que as pessoas em conflito busquem o juiz para decidir - uma autoridade "paternal" que decida o que está certo e errado. "O que deve ser feito é uma mudança neste processo, no qual ambas as partes se comprometam a não mais causar conflitos entre si. Individualizar é mais profundo do que delegar a outro a decisão de sua vida", explicou referindo-se à proposta da mediação, que exige do mediador uma postura mais isenta e imparcial, assumindo o papel de facilitador da comunicação entre as partes envolvidas em uma situação conflituosa.
Conforme Fernanda Lima, esta é uma das diferenças mais marcantes entre o conciliador e o profissional que se propõe a mediar um conflito. No caso da conciliação, o intermediário assume uma posição mais intrusiva e sugestiona; na mediação, o ideal é o condutor leve os envolvidos a chegarem sozinhos a um acordo. "Não basta o acordo, mas uma mudança de perspectiva", ressaltou, destacando que o ideal é que as Defensorias criem centros para mediar os casos mais "impossíveis", com equipes multidisciplinares.
Rosane Fagundes disse ainda que a Defensoria baiana está dando passo importante com esta capacitação. Ambas reforçaram, em suas falas, a importância do papel do defensor público como mediador.
A exposição no dia de hoje, quinta, 26, segundo as monitoras, se concentrou nas linhas gerais da mediação, incluindo as habilidades do mediador, a teoria dos conflitos e as ferramentas desta técnica. Elas destacaram ainda a DPE-BA como pioneira no Brasil na discussão sobre mediação penal, tema que será debatido amanhã, sexta, 27, e sábado, 28, como parte deste mesmo curso.