COMUNICAÇÃO
Medida Provisória é exibida em mais uma edição do Cine Debate da Defensoria
Promovido pela Especializada de Direitos Humanos, o público participou gratuitamente na Sala Walter da Silveira na sexta, 17
Encerramos a semana com a sessão de mais um Cine Debate com a exibição do filme Medida Provisória. Defensores(as), servidores(as) , estagiários(as) e o público em geral “sextaram” às 14h, desta sexta-feira (17), na Sala Walter da Silveira nos Barris em Salvador. O longa é uma adaptação de “Namíbia, Não!”, peça de Aldri Anunciação que o diretor e ator Lázaro Ramos dirigiu para o teatro em 2011. A história se passa em um futuro distópico, em que o governo brasileiro decretou uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, enviando pessoas negras para países do continente africano.
A defensora e coordenadora da Especializada de Direitos Humanos, Lívia Almeida, contou que a escolha do filme se deu pela necessidade de debatermos sobre as relações raciais e a negação de direitos para esta população no Brasil e na Bahia. “Nos deparar no filme com situações como abordagem policial e políticas discriminatórias como essa de reparação para as pessoas negras que parecem deslocadas da realidade, mas estão bem próximas do cotidiano e violentam grande parte da população. É necessário pensar sobre as nossas práticas como sociedade para a garantia dos direitos”, afirma a defensora.
Após a exibição do longa-metragem, foi realizado um debate com a presença da advogada, pesquisadora e professora em Direitos Humanos, Maíra Vida; da socióloga, mestra e doutoranda em Sociologia das relações raciais, Vilma Reis; além da mediação da defensora pública, mestra e doutora em Direito Público, Mônica Magalhães. A entrada foi gratuita e o evento foi realizado pela Especializada de Direitos Humanos.
Mônica Magalhães ressaltou a importância de narrativas diversas sobre a história da humanidade e que todas as pessoas precisam ter espaço para contá-las e que isso pode resgatar a dignidade de um povo. “A gente precisa ter cuidado com uma história única. Nossas histórias sempre estiveram por aí. Então, para a branquitude e para as pessoas pretas que ainda não conhecem a nossa história é importante estudar, buscar e se aprofundar mais, para construir conhecimento! Encontrar instrumentos como este filme no nosso caminho é muito importante!”, pontua a defensora.
Já Maíra Vida falou da sua experiência sensorial com o filme. “A gente quase consegue sentir o filme tocando quem o assiste. São muitas cenas com as quais a gente se identifica nas nossas vidas enquanto mulher negra e periférica. É muito curioso como o conceito de povo é tratado no filme, sempre aliado a um regime de racistocracia, como quando se fala da reparação que será realizada pelo governo. Precisamos pensar nessa dimensão democrática em que sempre é exclusivista e excludente de pessoas negras como sujeitos(as) de direito”, ressaltou a professora.
Fechando o debate, Vilma Reis, resgatou a relevância de ser um filme realizado por artistas baianos e a função política da DPE/BA de disseminar essas narrativas como um política antirracista no estado. “Com esse encontro aqui hoje, a gente pode espalhar essas histórias pela Bahia toda. É com a ajuda dessa instituição, que tem a vocação política de conversar com toda as cidades, com as cidades reais e profundas, combater a violência e criar outros futuros para o povo negro. O que a Defensoria está fazendo aqui hoje é partilhando com a gente a possibilidade de cada pessoa que está aqui pegar essa proposta e levar para os seus outros espaços!, afirmou a socióloga.