COMUNICAÇÃO

MILAGRES – acordos, medidas protetivas e adoção marcam segundo dia da passagem da Unidade Móvel da Defensoria pela cidade

31/05/2019 17:10 | Por Ingrid Carmo DRT/BA 2499

Com os 126 casos registrados hoje, a UMA alcançou, nos dois dias, um total de 255 moradores atendidos

“Eu te amo. Se eu te pego com outro eu te mato. Estou de olho. Assinado: Carranca”. Apreensiva com o bilhete que encontrou debaixo da porta da sua casa, a cozinheira Joana* resolveu dar um basta nas ameaças que vêm sofrendo do ex-companheiro e não pensou duas vezes em correr e relatar o caso na Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, que, nesta sexta-feira, 31, continuou a sua atuação na cidade de Milagres e registrou 126 atendimentos neste segundo dia. No total, a UMA alcançou 255 moradores durante os dois dias em que esteve na cidade.

Depois de nove anos de convivência, o relacionamento da cozinheira chegou ao fim há mais de um ano e foi aí que, segundo ela, começou o seu pesadelo. “Ele não me deixa em paz, fica me secando, me ameaçando e me agredindo. Preciso de proteção para ele não chegar mais perto de mim”, relatou a cozinheira, que fez, na Unidade Móvel, o requerimento da medida protetiva de urgência para que o ex-companheiro não se aproxime mais dela.

Vivendo o mesmo pesadelo que a cozinheira, a empregada doméstica Joana* também vem sofrendo ameaças do marido e, na última terça-feira, 28, resolveu colocar um ponto final nas agressões. Com o Boletim de Ocorrência nas mãos, ela também foi até à Unidade Móvel para relatar tudo o que passou e requerer a medida protetiva. “Sempre tive medo, mas nunca fiz nada. Eu perdoava quando ele sempre dizia que ia mudar. Tenho três filhos, que presenciam tudo que ele faz comigo, e tenho que pensar neles. Se ele me matar, meus filhos ficarão à toa na vida”, desabafou a doméstica, durante o atendimento.

“A espera acabou”

Já quem nunca ficou à toa na vida porque, desde que nasceu, encontrou uma mãe para cuidar dela foi a menina K.V.S.S., de 10 anos. E foi na Unidade Móvel da Defensoria que a mãe da menina recebeu a notícia de que o sonho da adoção tinha sido realizado. “O processo de adoção já foi julgado e está nos trâmites finais. Só faltam os registros. Ela, agora, será reconhecida como sua filha”, anunciou a defensora pública Clarissa Lima para a alegria da mãe. “Desde o dia em que ela nasceu venho correndo e lutando por essa adoção. A mãe biológica decidiu abandoná-la no parto mesmo e, eu estava de plantão bem neste dia. Acompanhei tudo, fiz a ficha, dei o primeiro banho e providenciei a mamadeira”, recordou a mãe, que trabalha como técnica de enfermagem. “A espera acabou”, comemorou, fazendo valer a Ação Cidadã Ame e Adote da Defensoria, cuja campanha 2019 foi lançada neste mês das mães.

O que também acabou foi a espera da operadora de caixa Alessandra Santos, 40 anos. Há, pelo menos, cinco meses, o pai das duas filhas não paga o valor firmado no acordo de alimentos, mas, para a surpresa dela, ele aceitou a carta-convite enviada pela Defensoria e até trouxe uma parte da quantia nas mãos. “Tem cinco meses que ele não paga e já acumulou R$ 1.120 em aberto”, contou a operadora. “Estou ciente que devo este valor e até coloquei um terreno à venda para pagar esta dívida. É o meu dever como pai e, se pudesse, até pagaria mais”, contou o vendedor ambulante, que deu o valor em espécie durante a mediação promovida pela defensora pública Ana Paula D’Almeida Perazzo.

Conhecendo bem a realidade e as demandas dos moradores de Milagres, por atender muitos deles na unidade da Defensoria em Amargosa, a defensora pública Clarissa Lima destacou que a Unidade Móvel cumpriu, mais uma vez, o seu papel de trazer a Defensoria para mais perto dos seus assistidos. “Foram dois dias de atuação aqui em Milagres e a Unidade Móvel da Defensoria ajudou a diminuir a distância entre as pessoas e o acesso à justiça, principalmente a distância territorial, pois, como a comarca foi agregada a Amargosa, tudo exige o deslocamento até lá e, muitas vezes, os moradores não têm o dinheiro necessário para isso”, destacou a defensora, que, neste segundo dia, dividiu os atendimentos com coordenador da UMA, Marcus Vinícius Lopes de Almeida, a defensora pública Ana Paula Perazzo, o defensor público Ricardo Carillo e dos servidores de Amargosa, Salvador e Santo Antônio de Jesus.

Próximas paradas: Angical e Cristópolis

Depois de Cravolândia e Milagres, agora a Unidade Móvel volta para Salvador e, na próxima, levará os serviços da Defensoria para o extremo oeste do Estado. No dia 5 de junho, a UMA estará em Angical e, no dia 6 de junho, será a vez de atender aos moradores de Cristópolis.

*nomes fictícios para preservar a identificação das assistidas