COMUNICAÇÃO
Mostra científica promovida pela Defensoria destaca os estudos sobre a realidade da população que vive em situação de rua
A programação contou com conferência, mesa redonda, grupos de trabalhos e apresentações de pôsteres
Nesta segunda-feira, 10 de dezembro, dia em que a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 70 anos, os direitos humanos, a situação de rua e a cidadania estiveram em destaque na I Mostra Científica do Grupo de Estudos e Pesquisa Pop Rua da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA.
Durante todo o dia, o auditório da Escola Superior da Defensoria – ESDEP – ficou lotado de estudantes, professores, pesquisadores, profissionais de diversas áreas, pessoas em situação de rua e integrantes de movimentos sociais que conhecem bem o tema, na teoria e na prática. “Este será um dia de muitas trocas de experiências, conhecimento, discursos, narrativas e reflexões”, adiantou, na abertura do evento, a defensora pública que coordena o Núcleo Multidisciplinar de Atendimento à População em Situação de Rua – Núcleo Pop Rua, Fabiana Miranda.
Destacando o papel da Defensoria como instrumento de acesso à justiça e à garantia dos direitos daqueles que mais precisam, o defensor público geral, Clériston Cavalcante de Macêdo, deu as boas-vindas aos presentes e também falou sobre o trabalho que a Instituição desenvolve junto às pessoas que vivem em situação de rua. “Esta Mostra Científica é fruto das discussões que aconteceram neste espaço nos últimos três anos, através do nosso Grupo de Estudos e Pesquisa Pop Rua, e os resultados servirão como base para outras Defensorias e instituições na implementação de políticas públicas nas áreas de moradia, saúde e outras também necessárias para a população que vive em situação de rua. Implementar estas políticas públicas de acesso não é um favor do poder público, é direito de cada cidadão”, garantiu, também na abertura da Mostra, o defensor-geral.
“Não somos lixo e nem bicho”
No turno da manhã, além das intervenções culturais com músicas e poesias sobre a realidade de quem vive nas ruas, a programação da Mostra Científica contou com a conferência sobre “A relação transferencial no trabalho de rua” com o professor, psiquiatra e idealizador do projeto Consultórios de Rua, Antônio Nery Filho. De acordo com ele, o trabalho que os profissionais exercem de ir até às ruas precisa ser feito com afeto e com amor. “Quando vamos às ruas, precisamos acolher estas pessoas e criar uma relação especial com elas, uma relação de transferência, de dar e receber e vice-versa. Para o profissional, aquela passagem pela rua é breve, mas, para quem vive ali, é uma iniciativa, é tudo que a pessoa precisa para iniciar uma nova história. Quando vamos trabalhar nas ruas passamos a ser agentes de transformação, de afeto e de amor”, aconselhou o professor.
Ainda durante a manhã, a mesa redonda “Situação de Rua no contexto da Resistência e Luta por Direitos Humanos” trouxe os relatos de líderes e militantes do Movimento Nacional da População em Situação de Rua – MNPSR, que, na Bahia, iniciou as atividades em 2010. “Somos ousados e persistentes e nossa luta é pela garantia dos direitos daqueles que vivem em situação de rua, como eu já vivi um dia e que cheguei até a desistir de mim. Temos a Defensoria do nosso lado nesta luta”, revelou, emocionada, a coordenadora do Movimento na Bahia, Maria Sueli Sobral, que compôs a mesa com os também integrantes baianos Edcarlos Venâncio, Edson Silva e Luiz Gonzaga, e do coordenador do Movimento no Rio Grande do Norte, Vanilson Torres. “Não somos lixo e nem bicho”, enfatizou Edcarlos Venâncio, que é militante em Feira de Santana, no interior da Bahia.
Grupos de trabalhos e pôsteres
No turno da tarde, foi a vez de formar os Grupos de Trabalhos (GTs) para discutir casos e apontar propostas e encaminhamentos sobre quatro eixos: Acolhimento Institucional e benefícios eventuais; Loucos de Rua; Cuidado na rua/equipes de rua; Assistência Hospitalar.
Em seguida, os autores dos pôsteres selecionados para a Mostra tiveram a oportunidade de apresentar os resultados dos seus trabalhos, destacando os objetivos, as metodologias, as hipóteses e as conclusões.