COMUNICAÇÃO

Movimento Social e pessoas em situação de rua dão posse popular aos 20 novos defensores públicos na Bahia

01/09/2017 20:06 | Por Texto: Ingrid Carmo DRT/BA 2499 Fotos: Humberto Filho

A posse popular, que aproxima a Defensoria Pública da sociedade civil, aconteceu no Centro Histórico de Salvador

O mês de setembro começou com o pé direito para a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA. Na manhã desta sexta-feira, 1, foi realizada a cerimônia de posse popular dos vinte novos defensores públicos, na praça Terreiro de Jesus, no Centro Histórico de Salvador.

A concentração da turma começou na Praça Municipal. O defensor público geral, Clériston Cavalcante de Macêdo, o subdefensor-geral Rafson Ximenes e os defensores públicos já atuantes participaram da caminhada da Praça Municipal ao Terreiro de Jesus e já foram mostrando aos baianos e turistas o trabalho realizado pela DPE/BA. “Nesta caminhada, aproveitamos para distribuir o nosso material informativo, como folders e cartilhas, para que as pessoas conheçam, ainda mais, o nosso trabalho”, explicou a diretoria da Escola Superior da Defensoria Pública – Esdep, Firmiane Venâncio.

Durante a cerimônia de posse popular,  os certificados dos novos defensores foram entregues por representantes de movimentos sociais, pessoas em situação de rua e defensoras populares formadas pela DPE/BA no ano passado. “A Defensoria Pública existe em razão de vocês,  por vocês e para vocês. Lutaremos, cada dia, pelos direitos de cada um de vocês e prometemos dar o nosso melhor”, ressaltou o novo defensor público Claudino Silva Santos, que, além da posse popular, foi empossado formalmente hoje e levou a esposa, filha, irmã e sogra para a cerimônia.

Ainda durante a posse, o defensor-geral, Clériston Cavalcante de Macêdo, ressaltou os compromissos que os novos defensores públicos devem assumir. “É uma alegria nos reunirmos em praça para apresentar à população os nossos novos defensores públicos. Façam a diferença, trabalhem com amor, pois hoje vocês estão recebendo os certificados das mãos daqueles que apostam tudo em vocês e é por eles que vocês vão trabalhar. Mãos à obra”, incentivou o defensor público geral.

Já o subdefensor-geral Rafson Ximenes lembrou que esta é a segunda posse popular promovida pela atual gestão: “assim como o concurso público, promovido em um momento difícil do país e no qual ressaltamos a diversidade da nossa população, esta posse popular é a realização de mais um sonho que tínhamos e que chega à segunda edição”.

Quem também ressaltou este momento histórico da DPE/BA, realizado em praça pública, foi o presidente da Associação dos Defensores Públicos da Bahia – ADEP, João Gavazza: “com mais entusiasmo, esta posse popular deveria ser chamada de encontro democrático, no qual vocês, novos defensores públicos, vêm  ao encontro destas pessoas em uma praça marcada pelo sangue e suor delas. A partir deste ato de hoje vocês entram, de corpo e alma, na Defensoria Pública”.

Por falar em história, a ouvidora-geral da Instituição, Vilma Reis, destacou que este concurso foi marcado pelas cotas raciais. “A Defensoria Pública veio para o meio da rua fazer uma posse como esta, no coração da cidade. Esta turma representa uma virada histórica da DPE/BA, que estabeleceu, neste concurso, as cotas raciais. Somos exemplo para o Brasil inteiro! Viva à Defensoria! Viva à vocês, guerreiros e guerreiras”, saudou Vilma Reis.

“Este momento é de suma importância para o movimento social e uma posse assim representa a luta pela garantia dos nossos direitos. Precisamos de vocês, defensores públicos! A Defensoria é do povo e para o povo!”, ressaltou a representante do Movimento LGBT e das Mulheres Negras em Enfrentamento da Violência, Thiffany Odara, que falou em nome de todos os movimentos sociais presentes

Unidade Móvel de Atendimento

Assim como a posse popular tem a ideia de levar os defensores públicos para mais perto dos cidadãos, a Unidade Móvel de Atendimento da Defensoria, que segue esta mesma ideia, não podia ficar de fora. Logo após a posse, os defensores atenderam a mais de 60 pessoas que foram em busca de orientação jurídica sobre os mais diversos casos.
A artesã Marisa Carvalho, 36 anos, que trabalha e mora no ‘Pelô’, foi uma delas. Assim que viu a Unidade Móvel correu para tirar dúvidas sobre um caso que vem tirando seu sono. “Estou preocupada com minha moradia, pois a construção foi prometida há dois anos e, até agora, não saiu do lugar e só tem mato no local”, contou.

Em situação de rua há mais de 25 anos, Marcos William Santos, 36 anos, foi buscar orientação sobre o que deve fazer para ter a nova via de seus documentos. “Vivo na rua e não tenho nada, nem documento. Até para procurar um médico preciso de documento e, por isso, as facadas que eu tomo saram sozinhas, pois não posso ir em um posto de saúde”, revelou, mostrando as diversas marcas que tem pelo corpo.