COMUNICAÇÃO
Mulher em situação de rua é tema de encontro na DPE/BA
Invisíveis. Essa é a sensação das mulheres em situação de rua perante a sociedade. Elas não conseguem atendimento digno na rede de assistência básica e muito menos contam com políticas públicas eficazes, garantidoras da efetividade e manutenção, dos direitos básicos para a dignidade humana. Esse cenário foi discutido durante o 4º Encontro do Grupo de Estudos de População de Rua, nesta quinta-feira, 1º, na Escola Superior da Defensoria Pública do Estado da Bahia – Esdep.
Coordenadora do Projeto Força Feminina, Alessandra Gomes, chamou a atenção para a importância do acolhimento das mulheres em situação de prostituição para que elas possam se sentir inseridas na sociedade. De acordo com Alessandra, 60% das mulheres atendidas pelo grupo são mulheres em situação de rua.
O Projeto Força Feminina é uma instituição social, que tem por missão a promoção integral das mulheres em situação de prostituição de maneira a colaborar no processo de conscientização e inserção cidadã. O trabalho desenvolvido é baseado em uma proposta pedagógica organizada e planejada em processo, sendo concebida em quatro etapas: Aproximação da realidade; Formação e cidadania; Organização (perspectiva da economia solidária); Seguimento que ocorre de maneira gradual e articulada. Essa metodologia acaba se aproximando da realidade das mulheres, construindo assim laços de confiança e respeito.
"Tentamos criar um ambiente de acolhimento mais do que de intervenção. A ação desenvolvida é de grande incentivo da autoestima, protagonismo, empreendedorismo e empoderamento das mulheres que o projeto atende", comentou Alessandra Gomes, coordenadora do Projeto Força Feminina.
Para a coordenadora do Movimento Nacional de População de Rua, Maria Lúcia Pereira, o fator emocional é um ponto crucial para ser trabalhado com as mulheres em situação de rua: "As ruas não dão boas escolhas para as mulheres. Aliás, as ruas não dão escolha alguma. Quando a mulher chega a essa situação ela está destruída e esse Grupo de Estudo é um espaço fundamental para que possamos discutir essa questão".
Maria Lúcia também abordou a situação vivida pelas mulheres LGBT em situação de rua. De acordo com ela, além de sofrerem os percalços decorrentes da vida nas ruas, elas sofrem ainda mais violência e discriminação do que as demais por conta da homofobia e são vítimas de intolerância ao buscar atendimento nos centros de acolhida e de ações truculentas das forças de segurança.
A defensora pública e coordenadora da Equipe Pop Rua da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, Fabiana Miranda, disse estar extremamente satisfeita com o crescimento contínuo dos interessados em participar dos encontros do Grupo de Estudo que contou com a participação de mais de 90 pessoas. O público foi formado por estudantes de serviço social, psicologia, direito, enfermeiros, orientadores educacionais, representantes do Movimento Nacional de População de Rua – MNPR e da sociedade civil.
ATIVIDADES CULTURAIS
A musicista e coordenadora do Projeto Som da Calçada, Mafá Santos, fez performance em homenagem as Ialodês, que dentro da cosmologia africana significa título conferido à mulher que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade. Já o Sarau da Onça que é formado por moradores de Sussuarana, e usam a arte como forma de protesto contra a violência, a desigualdade social, racial e o preconceito também participaram. Os jovens, Sandro Sussuarana e Maiara Silva, recitaram diversos poemas aos presentes.