COMUNICAÇÃO
Novembro Negro: 1ª Jornada de Direitos Humanos da Defensoria destaca os direitos das comunidades quilombolas
Evento segue até às 21h desta quarta-feira, 28, e está sendo realizado no auditório da Esdep
Faltando dois dias para novembro terminar, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA fecha este mês da Consciência Negra com chave de ouro e com o que sabe fazer melhor: tratar da defesa e da garantia dos direitos daqueles que mais precisam e estão em situação de vulnerabilidade. Nesta quarta-feira, 28, está sendo realizada a 1ª Jornada de Direitos Humanos no Novembro Negro da DPE/BA. O evento, que segue até às 21h, acontece no auditório da Escola Superior da Defensoria – Esdep, localizada no bairro do Canela, em Salvador.
Na abertura da Jornada, às 9h, a “Feira Bio” agitou os corredores da Instituição e comercializou os produtos orgânicos e artesanais produzidos pelas mulheres que moram nas comunidades quilombolas Rio dos Macacos e as que ficam na Ilha de São João e Aratu. Tinha de tudo: quiabo, pimenta, banana, coco, milho, cocada, aipim, óleos, folhas, flores e muito mais. “Aqui, é tudo orgânico, produzido e colhido em nosso quintal. Somos nós que produzimos os nossos próprios alimentos e é tudo saudável”, anunciava a quilombola, pescadora e extrativista, Olinda Santos, que, como ela mesma diz, “tem 60 anos nas costas”. A assistente social e professora, Sandra Carvalho, visitou a feira e garantiu logo o seu azeite de dendê. “Este não pode faltar na comida do baiano”, acrescentou ‘dona’ Olinda.
Terra, território e direitos
Além da feira, a programação da manhã contou, também, com a exibição do documentário Raça, de Joel Zito Araújo, e com a roda de diálogo “Terra, Território e Defesa de direitos das comunidades tradicionais”. “Falar em Novembro Negro, é falar em terra, em território e nas comunidades quilombolas. E é isso que viemos fazer nesta Jornada: juntar nossas forças, nosso conhecimento e lutar”, explicou, durante a abertura da roda de diálogo, a ouvidora-geral da Defensoria, Vilma Reis.
“Na Defensoria, buscamos trabalhar com a ideia de defender e garantir os direitos dos grupos que são vulnerabilizados. Nosso objetivo, com esta Jornada, é nos fortalecermos enquanto Instituição que existe para a comunidade e tratar de temas sensíveis e que dizem respeito àqueles que defendemos. Com chuva ou sem chuva, não podemos fugir da luta”, ressaltou a coordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos da DPE/BA, Eva Rodrigues, referindo-se à chuva que continua em Salvador na manhã desta quarta-feira.
Além de comercializar e expor os produtos que cultiva no quilombo, ‘dona’ Olinda, que é coordenadora da Associação Quilombola Rio dos Macacos, também participou da roda de diálogo ao lado da também coordenadora Rosemeire Santos; da representante do Conselho Pastoral de Pescadores e Pescadoras – CPP, Conceição Pereira; da moradora do quilombo Kingoma, Ana Lúcia Silva; e do estudante de Direito e membro da Associação de Advogad@s de Trabalhador@s Rurais da Bahia, Vitor Marques. “A Defensoria sempre esteve do lado da gente nesta luta”, lembrou ‘dona’ Olinda.
Durante o diálogo, os moradores das comunidades quilombolas contaram a história de cada lugar, a luta pelas terras, as ameaças que sofrem e também traduziram, através da música, muitas histórias que já passaram. “Eita pedaço de chão, eu me sinto feliz em pisar, foi meu pai que deixou para mim e eu não posso negociar”, dizia o trecho de uma das músicas de autoria da moradora do Rio dos Macacos, Albertina Santos, 63 anos, mais conhecida como “dona Biu do Samba”, que ecoou pelos quatro cantos do auditório e não deixou ninguém parado.