COMUNICAÇÃO

Núcleo da Mulher comemora um ano de atuação e apresenta resultados

19/05/2011 14:03 | Por

A alegria em comemorar um ano de atuação do Núcleo Especializado na Defesa da Mulher - NUDEM da Defensoria Pública e a esperança de mais ações voltadas para a proteção da mulher vitima de violência no Estado ficaram marcadas nos olhares femininos e masculinos que participaram do Seminário "Defensoria Pública e Relações de Gênero", realizado ontem (16) no auditório do CRH na Faculdade de Filosofia e ciências Humanas da Ufba - São Lázaro. Proposto pela Defensoria em parceria com Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher - NEIM da Ufba, o evento recebeu defensores públicos, alunos, professores, representantes das instituições integrantes da Rede de Atenção à Mulher e do Sistema de Justiça e sociedade civil.

O evento foi aberto pela defensora pública geral do Estado, Maria Célia Padilha, parabenizando o empenho de todas as pessoas que lutam para combater qualquer tipo de violência contra o público feminino. "Esse Núcleo é uma conquista da Defensoria, que, há um ano - a partir do convênio com o Ministério da Justiça - vem atuando de forma especializada tanto na defesa judicial de mulheres vítimas de violência quanto na educação de homens e mulheres por meio de palestras e atividades de formação em direito nas comunidades e instituições ligadas à rede de atenção às mulheres", declarou.

Marcado por palestras e discussões sobre as questões de gênero que permeiam por todas as áreas da Defensoria Pública, os participantes conheceram, através da explanação da defensora pública e coordenadora do Nudem, Firmiane Venâncio, as estatísticas apontadas durante o atendimento diário dos defensores no Núcleo. Outros aspectos foram debatidas como Relações de Gênero e Sexismo ; Violência contra a mulher e suas interfaces"; Violência sexual contra o (a) adolescente e a criança; A atuação do Ministério Público no Combate a Violência contra a Mulher e Observatório da Lei Maria da Penha.

O evento contou ainda com palestra da escritora Vânia Reis e da jornalista Aline D'eça, esta ultima apresentando o seu livro Filhos do Cárcere, que explora histórias de vida de mulheres que adentram o cárcere e busca entender como ela chegou ali. "O que pude constatar é que elas geralmente foram condenadas a uma vida de exclusão antes mesmo de serem condenadas à prisão", declarou D'eça.

Estatísticas

Dos 4205 atendimentos realizados durante o ano, foi possível constatar que a maioria das mulheres que sofre violência se declara negra; muitas passam por violência física, moral ou psicológica, 27% têm ensino fundamental incompleto, 47% delas não trabalham e 67% dos agressores são seus próprios maridos ou companheiros. Os bairros de Salvador com maior incidência de violência são Pernambués; Itapuã; Brotas e Sussuarana. Outro dado importante foi a agressão contra mulheres idosas que, na maioria, sofrem violência de seus próprios filhos.

"Esse é o extrato do nosso trabalho nesse primeiro momento e assim a Defensoria Pública vai cumprindo o seu papel, na perspectiva de continuidade, atuando de forma intensa para combater todas as formas de violência contra a mulher. Temos certeza que não estamos isoladas, essa construção é coletiva, a exemplo da parceria com o NEIM e outras instituições, e esperamos que a Rede de Proteção à Mulher se fortaleça cada vez mais", disse Firmiane. Segundo a defensorapública Cristina Ulm, que também atua no Núcleo, "os dados demonstram que das sentenças cíveis homologadas na vara de violência doméstica e familiar, 3,26% retornou para fazer o descumprimento da sentenca, o que significa dizer que 97% dos problemas foram resolvidos. Para a diretora do Projeto Viver, Debora Cohin, "seria de grande importância se todas as instituicoes tivessem esse olhar diferenciado como a Defensoria Pública". Para Murilo Santana, 39 anos, psicólogo que participou do Seminário, "oportunidades como estas fortalecem o diálogo com a sociedade e constrói cidadania".