COMUNICAÇÃO
Ouvidoria da DPE/BA participa do lançamento do relatório da discriminação no futebol
A apresentação do Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol contou com a participação de lideranças do movimento negro como a ouvidora-geral da Defensoria da Bahia, Vilma Reis e a religiosa e ativista Makota Valdina.
Cerca de 88% da discriminação contra pessoas no esporte acontecem no futebol e o racismo é o maior tipo de preconceito, correspondente a 74% dos casos. É o que mostra o Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol referente ao ano de 2017, lançado nesta segunda-feira, 17, na Arena Fonte Nova. O evento contou com a presença da ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia – DPE/BA, Vilma Reis, da líder religiosa Makota Valdina e do ex-zagueiro João Marcelo (campeão brasileiro pelo Bahia em 1988), que denunciou ter sofrido discriminação racial em shopping em Salvador neste ano.
O estádio do Esporte Clube Bahia foi escolhido para o lançamento do relatório após as ações do clube em prestígio ao mês da Consciência Negra, quando diversos artistas e lideranças dos movimentos negros, inclusive Vilma Reis, foram homenageados pelo clube.
“O esporte está sendo escola. É essa potência que tem o futebol, a gente quer inspirar a sociedade a não apenas não ser racista, mas dizer que é preciso ser anti-racista, porque o racismo produz sofrimento”, destacou a ouvidora-geral da DPE/BA durante a abertura do evento. Para ela, tanto a iniciativa do clube do futebol no Novembro Negro quanto o fato da Bahia ser o lugar no mundo com mais negros fora do continente africano foram fatores importantes para a realização do lançamento do Relatório no estado.
Para Vilma Reis, o documento – que também aponta que o número de casos de racismo no futebol dobrou de 2016 para 2017 – deve servir de indicador para que sejam feitas políticas positivas no futebol no Brasil e no exterior. “Silenciar esse debate não cabe mais. Para nós da Ouvidoria foi algo muito importante ampliar essa discussão, pois tem racismo nas quadras, nos campos e nas piscinas”, ressaltou ela, que acredita que a visibilidade que o futebol pode dar à luta contra o preconceito é fundamental para uma sociedade mais saudável. A líder religiosa Makota Valdina lembrou que quando o preconceito racial é externado no campo ele já existe dentro de casa, do trabalho e das comunidades, e que para combatê-lo a sociedade precisa se admitir racista.
“Uma coisa importante hoje desse evento é que a gente passa de uma série de ações de um clube de futebol para, a partir de hoje, ter uma política institucional de combate ao racismo. Isso é uma conquista muito grande”, destacou o presidente do Bahia, Guilherme Belintani. O diretor-executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, parabenizou a atitude do clube, reafirmando a importância de se fazer não apenas ações pontuais, mas um trabalho efetivo contra o preconceito.
Não apenas o racismo, mas também a xenofobia, o sexismo, a homofobia e o machismo estão no radar do Relatório, que é uma parceria do Observatório da Discriminação Racial no Futebol com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Dos 77 casos de discriminação descritos no documento, 69 ocorreram no futebol. Destes 69, o racismo é maioria e figura em 51 dos casos (74%); já a LGBTfobia envolve dez deles (15%); o machismo, cinco(7%); e a xenofobia, três (4%).