COMUNICAÇÃO
“Pelo direito de amar”: DPE/BA realiza casamento de 12 casais LGBT
Cerimônia foi realizada em parceria com a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e com a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado da Bahia
O dia 02 de agosto de 2019 vai ficar marcado para 24 pessoas LGBT, que agora estão casadas graças à Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, que em parceria com a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia e com a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado da Bahia – Arpen, celebrou a união de 12 casais em Salvador.
“Pelo direito de amar” foi o tema do Casamento Coletivo LGBT, realizado na Faculdade de Direito da UFBA, na Graça, nessa sexta-feira, 2. Para que a cerimônia pudesse ser realizada também houve parcerias privadas com os apoiadores Oficina de Bolos, Fátima Bem Casados, Cerimonial Nalva Nascimento, Vera Lima Cerimonial, Fotografia e Arte, Ricardo Santiago, Grupo San Sebastian, Salão de Beleza Rev Cachos e Edy Rios, Yuna Vitória, Teo Brandon, Gabriel Levy, Leo Kret e India Flor.
Em seu discurso, o defensor público geral da Bahia, Rafson Ximenes, chamou a atenção para o fato de não ser um casamento comum. “Tivemos casais que entraram com os punhos cerrados para cima, isso não é comum, por que aqui é preciso? Porque esse é o casamento que envolve uma luta imensa, são comuns os casais que lutam contra a distância, que lutam contra a dificuldade financeira, mas os casais de hoje estão aqui por que lutaram contra o mundo inteiro”, afirmou.
Coordenadora da Especializada na Proteção aos Direitos Humanos e uma das responsáveis pela cerimônia, a defensora Lívia Almeida pontuou que para a DPE/BA todos os tipos de família são reconhecidos e levados em consideração na busca por direitos. “O que a gente pôde perceber convivendo com os casais e propiciando momentos como esse é que o amor entre vocês é contagiante e não há espaço pra discriminação e nem pra violência! Contém com a gente, sempre!”, disse a defensora para os novos casados.
SIM!
“Sem dúvidas”, “Com certeza”, “Para sempre”, “Por toda minha vida!” e ” já são onze anos de sim à resistência, de sim à igualdade e de sim ao amor, então, sim!”. Essas foram algumas formas escolhidas pelos doze casais para reafirmarem o compromisso e o direito ao casamento.
Rosilene Santos Pereira e Ana Paula Oliveira estão há sete anos morando juntas e viram em uma postagem do Instagram o anúncio sobre as inscrições para o casamento coletivo. “A gente viu no casamento a oportunidade de afirmar, até para as pessoas que dizem que aceitam, que estamos aqui e que merecemos respeito, que estamos casando e temos os mesmos direitos que todos”, disse Rosilene.
Bianca Cerqueira, que casou com Tamyres Andrade, conta que a realização do casamento pela DPE/BA afirma publicamente que todos têm o direito de amar e que aquece as labaredas da resistência. “Foi fantástico fazer parte dessa iniciativa que ultrapassa a instituição e transborda sentimentos positivos diversos através das pessoas que fizeram de tudo para nos entregar o melhor casamento possível”, afirma.
Ana Paula completa afirmando que entende a cerimônia também como um ato político. “É um ato político, pois estamos neste momento em que vamos percebendo o quanto o brasileiro é preconceituoso, o quanto que ainda precisamos avançar. Essa parceria da Defensoria conosco que somos homossexuais, que precisamos desse apoio, é maravilhoso, chegou no momento certo!”, explica.
Também há pouco mais de sete anos convivendo juntos, Mário Henrique da Silva e Uilton Souza estavam felizes com a realização do sonho de se casarem. “A gente pensou em tentar fazer (o casamento) individual, mas quando a data foi lançada escolhemos participar por conta do fortalecimento da luta, é bom a gente estar unido para mostrar para sociedade o quanto podemos”, afirma.
Apoio
“É uma grande alegria para escrever e registrar na minha carreira este evento, principalmente nestes momentos sombrios do país, em que precisamos estar lutando”, disse o juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, Maurício Andrade de Salles Brasil, que celebrou o casamento.
O magistrado explica ainda que os casamentos LGBT que costuma realizar são feitos em fóruns, onde os noivos ficam expostos ao contato com outros casais, por muitas vezes oriundos de religiões que não aceitam suas escolhas. “Este casamento coletivo é um marco representativo também para o Poder Judiciário, eu sou magistrado há 30 anos e nunca vi, nunca participei de um momento tão significativo em minha carreira”, declarou.
Quem também fez votos emocionados para os casais, foi a madrinha Keila Simpson: “É preciso que vocês tenham a certeza que ao dar este passo vocês estão construindo o futuro para quem vem depois de nós, o futuro das mudanças que são necessárias para continuarmos vencendo”, apoiou.