Após o intervalo imposto pela pandemia, a Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) volta a marcar presença na tradicional Lavagem do Bonfim, que acontece na quinta-feira, 12. Em sua 13ª participação no festejo popular, a instituição essencial à Justiça reforça o respeito à diversidade religiosa com uma mensagem que visa, principalmente, combater o preconceito contra as religiões de matriz africana. “Jesus ou Oxalá, tem que respeitar”, assegura o tema deste ano.

Direito constitucional de todos os cidadãos, a liberdade religiosa está prevista no artigo 5º da Carta Magna. Embora criminalizada pela Lei 9.459/2007, a discriminação motivada pela religião é uma realidade vivida, especialmente, pelos povos e comunidades de terreiro, que durante o festejo interreligioso celebram Oxalá. Para o defensor geral da Bahia, Rafson Ximenes, a Lavagem do Bonfim é mais uma oportunidade da Defensoria da Bahia mostrar que está ao lado da população.

“A Lavagem do Bonfim é parte fundamental da cultura da Bahia, do Brasil e, principalmente, da cultura popular, e a Defensoria Pública sempre caminha lado a lado com as expressões do nosso povo, defendendo a liberdade religiosa, a tolerância e, principalmente, o empoderamento da população e de quem a defende. Por isso, mais uma vez nos faremos presentes no festejo com uma mensagem de paz, amor e acesso à Justiça para todos”, afirma Ximenes.

A DPE/BA realiza o cortejo entre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Igreja do Bonfim junto com a Associação das Defensoras e Defensores da Bahia (ADEP/BA). As instituições participam do festejo em conjunto pelo fortalecimento da Defensoria Pública e valorização da carreira. A concentração das defensoras(es), servidoras(es) e estagiárias(os) que participarão do cortejo está marcada para ocorrer às 7h30, ao lado da Igreja de Nossa Senhora. A saída está prevista para as 8h40.

Na avaliação da presidenta da ADEP-BA, Tereza Cristina Ferreira, a Lavagem do Bonfim é um momento de fé, mas também político. Para ela, é uma oportunidade de reafirmar o compromisso como defensora pública e, como presidente da Associação, levar para as ruas as pautas das defensoras e defensores públicos que precisam ter suas carreiras valorizadas e fortalecidas.

“Precisamos garantir o acesso à justiça aos mais vulneráveis da nossa Bahia. Para isso, é necessário um olhar para a Defensoria como essencial para a sociedade. Que Senhor do Bonfim nos ilumine e nos guie na missão de lutar por uma Defensoria Pública cada vez mais forte e autônoma, com a carreira tendo o merecido reconhecimento. Que a nossa população hipossuficiente, sempre que necessitar, seja devidamente acolhida por nossos serviços com respeito, eficiência e dignidade”, afirmou.

Uma das principais festas religiosas da Bahia e segunda maior manifestação popular do estado (perde apenas para o Carnaval de Salvador), a Lavagem do Bonfim é marcada pelo sincretismo religioso e ocorre na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis – 6 de janeiro. Anualmente, é celebrado um culto ecumênico em frente à Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, ponto inicial do cortejo, com representantes católicos, do candomblé, evangélicos, espíritas e de outras religiões.