COMUNICAÇÃO

Pelos seus Direitos – Depois de 40 anos, irmãs confirmam vínculo sanguíneo, após passagem da UMA por Valente

17/05/2024 8:00 | Por Priscilla Dibai / 2.389 DRT/BA

Carmem Lúcia Evangelista perdeu os pais adotivos em São Paulo, retornou para a Bahia e, depois de atendimento na Defensoria, descobriu sua família de sangue

Quando ainda era um bebê, Carmem Lúcia Evangelista de Jesus foi adotada e levada para São Paulo. Aos nove anos de idade, seus pais adotivos morreram, então ela voltou para Santa Luz, na região do Sisal, no interior da Bahia, cidade natal da família adotiva. Ali passou parte da adolescência, até que aos 15 anos se mudou para Valente, cidade vizinha. Por muito tempo não soube quem era o pai nem a mãe biológicos, mas começou a suspeitar que tinha irmãs no município. Apesar das suspeitas, nunca conseguiu comprovar o vínculo sanguíneo, porque nenhuma das mulheres tinha condição de fazer o exame de DNA. O desfecho só aconteceu quando Carmem encontrou a Defensoria Pública. 

A espera só acabou 41 anos depois, quando a Unidade Móvel de Atendimento (UMA) da Defensoria Pública passou por Valente, em julho de 2023. Naquele momento, Carmem viu o caminhão instalado em uma praça do município, foi lá, levou as duas supostas irmãs, contou sua história e passou pelo atendimento. No mesmo dia, todas realizaram o teste de DNA, de forma gratuita.

“Eu tinha muita vontade de saber se eu era mesmo irmã daquelas mulheres. Eu tinha muita dúvida, não só eu, mas elas também. Só que não tinha o que a gente fazer, não tinha como a gente saber, como encerrar aquela angústia. A gente lá em Valente, sem recursos, como a gente poderia fazer DNA?!”, comentou.

 

Meses depois, a boa notícia chegou, com a confirmação do vínculo consanguíneo entre as  mulheres. “Foram mais de 40 anos esperando para fazer parte de verdade da minha família. Sou muito grata à Defensoria por essa oportunidade, muito grata mesmo. Eu fiquei muito feliz e realizei o meu sonho”, contou. 

A coordenadora do Núcleo de Atuação Estratégica (NAE), Cristina Ulm, foi quem atendeu as irmãs na expedição de Valente. Coordenando o projeto da UMA desde 2021, ela já percorreu centenas de cidades e conheceu uma leva de histórias emocionantes. 

“A situação das irmãs me tocou bastante, vê-las buscando as próprias origens. Fizemos o teste em todas elas e pudemos proporcionar o fim dessa dúvida e religar essa família. Foi uma alegria muito grande”, comentou.

Durante o ano de 2023, a unidade móvel da Defensoria levou serviço jurídico a 5.920 pessoas. “Levar atendimento onde não tem Defensoria instalada, proporciona acesso à justiça e garantia de direitos. Nossa missão é atender aqueles que não têm renda, não têm condições de pagar um advogado. Nos sentimos muito realizados de transformar vidas por onde passamos”, afirmou Cristina Ulm. 

Só no ano passado, a DPE somou 23 itinerâncias, uma média de quase duas por mês, percorrendo mais de 12.300 quilômetros pelas estradas da Bahia. Nessas expedições, realizou 88 coletas de DNA e 37 aberturas de exames.

As irmãs fazem parte da campanha anual da Defensoria Pública. Com o intuito de mostrar à sociedade a importância e relevância dos serviços oferecidos, a Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) lança a campanha “Com você, pelos seus direitos”. Ela tem o objetivo de mostrar o quanto o acesso à justiça é um instrumento de transformação na vida da população, principalmente para quem está em situação de vulnerabilidade. No decorrer do ano, traremos diversas histórias mostrando cidadãos e cidadãs que precisavam de acesso a direitos básicos e essenciais, como saúde, educação, transporte público, dentre tantos outros, mas que só mudaram seus destinos, a partir da Defensoria. Com você, pelos seus direitos!