Pessoas que vivem em situação de rua na Praça do Campo da Pólvora, em Salvador, receberam na noite desta quarta-feira, 14, a equipe do Núcleo Pop Rua da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE BA para mais uma escuta atenta e qualificada. Denominada como Pop Rua em Movimento, a itinerância buscou ouvir e entender o que levou cada pessoa a estar em situação de rua e quais são as violações de direitos que existem nestas histórias.

Para a assistente social da DPE/BA, Sandra Carvalho, responsável pelo Pop Rua em Movimento, é fundamental estar perto desse público que tanto necessita de auxílio. “Essa população também faz parte do grupo de assistidos da instituição. Por isso, estamos nos deslocando semanalmente para cada ponto da cidade em que os moradores costumam ficar. Queremos levar orientação jurídica, educação em direitos humanos, ouvir as demandas e canalizar o atendimento para a sede nos casos que precisam ser judicializados”, explicou a assistente social.

Vivendo sozinho na rua há mais de dois anos, Valquírio Nascimento aproveitou a presença da equipe para saber como pode conseguir vaga em um abrigo. “Eu durmo aqui nessa praça e durmo em vários lugares da cidade também. Meus cachorros são minhas únicas companhias. Espero conseguir sair da rua em algum momento, porque já vi vários colegas meus serem agredidos por pessoas que passam ou então serem chamados de bandidos. Não quero passar pela mesma situação. É muito difícil viver aqui, louvo a Deus por ainda estar vivo porque a rua é muito criminosa”, relata.

O momento propiciou ainda que os novos defensores em curso de formação vivenciassem, pela primeira vez, o contato com esse público. “Explicamos para eles quais serviços que ofertamos e, caso não seja de nossa responsabilidade, como encaminhamos para os órgãos competentes. Foi passado ainda como deve ser a forma de abordagem e quais as violências sofridas por esse público, que não é apenas física. É fundamental que tenham uma compreensão de vida desses moradores”, relatou o analista jurídico da DPE/BA, Lucas Sampaio, responsável por apresentar o Pop Rua em Movimento para os novos defensores.

Defensora em formação, Priscila Rolim diz ter gostado da experiência.“É uma vivência única, muito enriquecedora. Aqui a gente recebeu toda orientação do protocolo de atendimento, de todos os serviços em rede que a gente já oferece e como devemos agir. Eles olham para a gente com um olhar de esperança, de quem vai receber assistência que, muitas vezes, já foi negada anteriormente por alguma outra instituição”, expôs.