COMUNICAÇÃO

Prevenção ao suicídio é tema de seminário na Escola Superior da Defensoria baiana

24/09/2019 19:28 | Por Leonardo Santos (estagiário), sob supervisão de Lucas Fernandes DRT/BA 4922

Equipe de saúde mental da Defensoria, acadêmicos, psicólogos, estudantes, representantes de movimentos sociais e defensores públicos debateram o tema

No mês de prevenção ao suicídio, aderindo a campanha do Setembro Amarelo, a Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA promoveu o seminário O mal-estar da civilização e a construção de saídas emancipatórias. O evento aconteceu nesta segunda-feira, 23, na Escola Superior da Defensoria Pública – Esdep, em Salvador.

A atividade contou com a equipe de saúde mental da Defensoria, acadêmicos especializados no tema e psicólogos que debateram o problema social com o público. Conforme a coordenadora da Especializada de Direitos Humanos, Eva Rodrigues, os transtornos mentais não podem ser enxergados como algo que afeta apenas pessoas em situação de rua, mas que pode afetar qualquer um. “Sentimos a necessidade de atuar junto a essas pessoas, visando garantir o direito de acesso à saúde mental”, pontuou. 

O mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela USP, Luiz Mena, falou sobre o suicídio, apontando os dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, que revelam que o suicídio se tornou, nas últimas duas décadas, a segunda maior causa de morte global na faixa de 15 aos 29 anos.

“O suicídio é um fenômeno humano e antigo, não contemporâneo, mas tem aumentado na atualidade. A contemporaneidade traz uma especificidade, que não pode ser deixada de lado e devemos pensar nesse aumento. Essa característica diz respeito à percepção cada vez maior que a gente tem de perda de consistência no outro”, ressaltou Luiz.

O médico e coordenador do Programa de Saúde Mental e Bem-Estar da Universidade Federal da Bahia – PsiU, Marcelo Veras, apontou que muitas vezes a desejo de suicídio não está ligado ao desejo de morrer: “Toda vez que a gente fala da nossa morte, sempre pensamos como faremos falta ao outro. Não é que eu queira me matar, eu quero faltar ao outro. É aí que entra o papel do psicanalista, dos centros de valorização da vida, assistentes sociais, da Defensoria Pública”.

Algumas reflexões também foram feitas pelo médico psiquiatra Antônio Nery Filho, que falou sob a perspectiva do uso das drogas. “A droga aparece como aquilo que impede a morte, e funciona como ‘um tempo’. Explicou que as vezes, o uso da droga pode ser uma tentativa de reconectar-se com as outras pessoas, mas que pode a depender do nível pode ser o meio de desconexão, sendo decisivo para o fim da vida.

Resistência

No segundo momento da atividade, aconteceu o debate “Sensibilização e resistência frente ao suicídio”, com a presença da ativista trans e psicóloga da DPE/BA Ariane Senna; da integrante do coletivo de De Transs Pra Frente, Amora Vitória; do estudante de medicina da UFBA, Maurício Brito, e do estudante de Design pela Ufba, Naki Oliveira. Eles trouxeram para o momento, experiências reais vividas, abrindo o espaço de diálogo para conversações acerca do tema.

Participaram também integrantes da equipe de saúde mental da DPE/BA, como a assistente social Patrícia Flash, a psicóloga Tamiris Sapucais, a analista jurídica Juliana Outeiro, a estagiária de direito Samantha Nunes da Cruz, além dos estagiários de gênero e diversidade Sara Raísa e Caio Silva Santos.