COMUNICAÇÃO
Primeira parada! Van do Nudem estreia no Conjunto Pirajá com atendimento exclusivo para mulheres
Ao todo, foram 44 atendimentos de demandas diversas, como requerimentos de medidas protetivas, processos de guarda, divórcio e alimentos, acolhimento psicossocial, entre outros encaminhamentos
Ana Maria* estava assistindo televisão, nesta quarta-feira (31) pela manhã, quando viu que estavam tendo atendimento jurídico gratuito para as mulheres no seu bairro. Moradora do Conjunto Pirajá, em Salvador, há 40 anos, a esteticista enxergou uma oportunidade de resolver o seu problema na presença da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE/BA) perto de casa. Enfrentando dificuldades em uma relação abusiva com seu ex-marido e sem saber a quem recorrer, ela viu na ação uma chance de cessar a violência que persiste, mesmo com o fim do casamento.
Ela, que é vítima de violência psicológica, relatou o seu caso informando sobre a preferência de não envolver a polícia de imediato. A Defensoria então, conforme o contexto, fez as diligências para encaminhamento psicossocial em primeiro momento, além da orientação jurídica sobre as leis que a protegem nesse tipo de demanda.
A atividade itinerante, que aconteceu entre 9h e 17h, no conselho dos moradores João Batista Mendes, foi a estreia da nova van do Núcleo de Defesa das Mulheres (Nudem), que tem o objetivo de atuar na defesa das mulheres em todo o estado, sobretudo daquelas vítimas de violência doméstica e familiar. Ao todo, foram atendidas 44 mulheres, que buscaram a Defensoria para demandas diversas, como requerimentos de medidas protetivas, processos de guarda, divórcio e alimentos, acolhimento psicossocial, entre outros encaminhamentos.
Para Lívia Almeida, defensora pública que coordena o núcleo, o objetivo da aquisição do veículo é replicar as itinerâncias que já vêm sendo realizadas pela instituição em outras áreas. “Precisamos estar perto das pessoas que não conseguem acessar os nossos serviços por diversas razões, principalmente quando a gente fala de violência contra a mulher”, ressalta a coordenadora.
Lucila também foi uma das beneficiadas pela ação. “Com a demanda da rotina, às vezes, a gente fica impossibilitada de sair e buscar o serviço fora. Então, foi muito importante para mim e para toda a comunidade porque vai facilitar muito a nossa vinda”, disse a dona de casa, que foi logo uma das primeiras a chegar.
A atividade contou com a parceria da Ouvidoria Cidadã da DPE/BA. Segundo a ouvidora-geral, Naira Gomes, há diversas barreiras que dificultam o acesso a direitos pelas mulheres. “É importante a gente estar aqui presente dentro da comunidade para a gente diminuir o espaço entre a justiça e a violência. Tem muita dificuldade, tem medo, vergonha, dificuldade financeira (…) então vir à comunidade significa trazer a justiça para mais perto”, afirma.
Em breve, será definido um calendário mensal para que outras atividades itinerantes de defesa das mulheres cheguem mais perto da população. Além dos atendimentos jurídicos, é previsto que ocorram rodas de conversa e ações diversas de educação em direitos com objetivo de promover autonomia às mulheres e conhecimento acerca das estruturas machistas e patriarcais da sociedade.
*Nomes modificados