COMUNICAÇÃO
Professora que morava há cinco meses em aeroporto de Salvador inicia atendimento com a Defensoria
Primeiro encontro rendeu escuta e encaminhamentos para outros serviços: “Vamos começar a analisar o caso dela do início ao fim”, diz defensor da Fazenda Pública
A professora de português Oceya de Souza, 55, foi atendida de forma on-line pela Defensoria Pública do Estado da Bahia na tarde desta terça-feira, 4. Oceya teve sua história repercutida nacionalmente por ter recorrido ao Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, como abrigo nos últimos cinco meses.
Graduada em Letras, Oceya foi professora de língua portuguesa no Colégio Estadual Thales de Azevedo, onde trabalhou até ter sido diagnosticada com fibromialgia, doença caracterizada por dores crônicas. Segundo ela, sua solicitação de aposentadoria junto à Secretaria de Educação do Estado da Bahia não foi aceita e ela deixou de ser remunerada.
Órfã de pai e mãe, sem filhos ou marido e sem contar com a ajuda dos irmãos, Oceya acabou indo parar nas ruas. “O aeroporto pelo menos é seguro”, narrou Oceya, que passava as noites sentada ou se contorcendo para deitar sobre as cadeiras. Às vezes, ela dormia nos trocadores de fraldas de crianças no banheiro. Neste momento, acolhida por colegas professores e ex-alunos, Oceya está segura, hospedada em um hotel no Centro, passou por atendimentos médicos e recebe doações de todo o Brasil.
Do hotel, Oceya conversou coma as defensoras públicas e coordenadoras da Especializada de Direitos Humanos Lívia Almeida e Eva Rodrigues e, ainda, o defensor público Virdálio de Senna Neto, coordenador da Especializada de Fazenda Pública. Durante o atendimento, Lívia Almeida informou à assistida que o contato com a equipe de abordagem social da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer – Sempre havia sido bem sucedida com atendimento marcado para esta semana.
Sobre os encaminhamentos em relação ao vínculo da professora com o estado da Bahia e seus possíveis direitos, Virdálio visualiza que há muito trabalho pela frente. “Vamos começar a analisar o caso dela do início ao fim. Tem muita coisa a ser vista como processos administrativos e documentos da junta médica. Vamos fazer esse levantamento, pois não será uma coisa tão imediata”, explica o defensor.
A professora Oceya de Souza foi diagnosticada com Covid-19 em maio de 2020, quando foi internada e recebeu sua última ajuda de custo, que lhe deu a possibilidade de alugar um quarto por alguns meses. “Após sair do hospital fui encaminhada para serviços da prefeitura, mas ao fazer entrevistas para abrigos, ouvi que eu não tinha perfil para ficar nas vagas que existiam. Aí decidi ir para o aeroporto”, disse. Oceya não teve acesso ao auxílio emergencial e a empréstimos por ainda estar vinculada à Secretaria de Educação.