“Eu não sei dizer nada por dizer, então eu escuto”. Como já apontava nos anos 70 essa frase da música do grupo Secos e Molhados, é preciso exercer uma escuta sincera e ativa antes de qualquer passo a ser dado. E é nessa perspectiva que a Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA arregaçou as mangas para coletar as demandas das comunidades em que a instituição está chegando ou voltando a atuar.

Na noite desta segunda-feira, 18, a ouvidora-geral Naira Gomes esteve na Câmara de Vereadores de Riachão do Jacuípe em uma roda de conversa com movimentos sociais e sociedade civil. A comarca volta a ter sede da defensoria nesta terça-feira, 19, após 21 anos de hiato e é a quarta a receber o projeto, que já passou por Santa Maria da Vitória, Macaúbas e Canavieiras.

Raimundo Falconeri, presidente da Câmara apontou a importância da chegada da Defensoria para as comunidades tradicionais da região, como a de Jereminha, que segundo ele sequer conhecem os seus direitos. “Eles possuem a própria tecnologia de buscar a água, por exemplo, por conta dessa distância do estado por tantos anos. Quem sabe a chegada da Defensoria não represente a chegada de direitos para esse povo”, torceu.

Outra comunidade tradicional que teve suas pautas levadas para o encontro foi a de pescadores, através do presidente da Colônia de Pescadores de Riachão do Jacuípe Jairo Martins dos Santos. “Centenas de famílias no nosso município sobreviviam da pesca, hoje além de termos um rio que não é mais perene, recebe todo o esgoto da região”, explica.

A ouvidora-geral, Naira Gomes, aproveitou o momento para explicar o projeto de interiorização da DPE/BA e propor o aprofundamento dos diálogos com os jacuipenses. “A Defensoria está em plena expansão, chegando onde não havia chegado. A instituição tem feito estudos para saber quais as cidades prioritárias na hora de receber uma unidade. Com a chegada dela entramos em outra etapa, que é no decorrer do próximo ano debruçar sobre o que ouvimos nesta noite. Dentre os compromissos que fizemos foi o de voltar para uma escuta específica do povoado de Jereminha”, afirma.