COMUNICAÇÃO

Projeto ‘Todas por Uma’ vai acolher vítimas de violência doméstica

27/03/2024 16:08 | Por Priscilla Dibai / 2.389 DRT/BA

O objetivo é servir como um espaço de acolhimento e desconstrução do julgamento a mulheres em situação de violência doméstica, formando uma rede de sociabilidade, solidariedade e reconstrução na Defensoria

A importância de redes de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica foi fala unânime entre os diversos relatos ouvidos na manhã desta quarta-feira (27), durante o lançamento do projeto da Defensoria ‘Todas por Uma’, ocorrido na Casa da Mulher Brasileira, em Salvador.

O objetivo do projeto é servir como um espaço de acolhimento e desconstrução do julgamento a mulheres em situação de violência doméstica, formando uma rede de sociabilidade, solidariedade e reconstrução. A previsão é que os encontros sejam quinzenais e reúnam diferentes grupos de mulheres.

“A ideia surgiu, ali mesmo, no atendimento às usuárias. Percebi que na sala de espera elas contavam suas histórias umas às outras e se apoiavam. Então, esse compartilhamento seguido de fortalecimento inspirou a gente a fazer as rodas de conversa”, explicou a defensora Viviane Luchini, que coordena a iniciativa. Ela explica que, ao ouvir outros relatos, essas mulheres percebem que não estão sozinhas e tendem a se sentir mais fortalecidas no enfrentamento da situação.

A coordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos e do Núcleo de Defesa das Mulheres (Nudem), Livia Almeida, falou da importância de se romper o ciclo da violência de gênero e o quanto é fundamental fortalecer as mulheres nessa situação. “Realmente, precisamos de um projeto como esse, porque precisamos fortalecer as mulheres. Eu acredito que a diminuição da violência de gênero está muito ligada ao fortalecimento das mulheres. É importante que as mulheres saibam que juntas somos imbatíveis”, afirmou.

A convidada especial e palestrante Clara Martins falou um pouco da sua história de violência doméstica e frisou o quanto o acolhimento foi decisivo para sua recuperação e superação. “O difícil para a vítima, que já está machucada, é se sentir segura, respeitada. Nesse momento, o acolhimento é imprescindível. Ser ouvida sem ser julgada, viver sem medo, precisamos disso para tentar seguir em frente”, relatou.

A assistente-social da DPE Thágila Rodrigues, que ajudou na construção do projeto, contou que as rodas de conversas preveem falas horizontalizadas, de modo que cada história possa ressoar no coletivo. Também idealizadora do projeto, a psicóloga da Defensoria, Cátia Santos, explicou que o isolamento é uma das fases mais cruéis da violência de gênero, de modo que o grupo pode servir como um espaço de reconstrução de laços a essas pessoas.

Após os relatos, as participantes deram um abraço coletivo, simbolizando que nenhuma delas está sozinha. Além de usuárias do sistema de justiça, lideranças comunitárias, organizações não governamentais e entidades que lutam contra a violência de gênero participaram do lançamento.