COMUNICAÇÃO
Racismo é presente nas relações de consumo
O negro ainda hoje tem sido vítima de práticas discriminatórias nas relações de consumo, pois o imaginário social está consagrado, dizendo que os negros não podem habitar residências de luxo, utilizar símbolos de poder e de status. A afirmação, da defensora pública-geral, Tereza Cristina Almeida Ferreira, deu o tom das discussões ontem, quinta, 27, durante o Seminário sobre Segurança Pública, Racismo, Violência e Consumo, na sede do Ministério Público, em Nazaré.
A defensora geral dividiu a mesa de debates com o presidente do Instituto Pedra de Raio (IPR), Augusto Sérgio dos Santos de São Bernardo, organizador do evento. Conforme pontuou Tereza Cristina, o crime de racismo não pode ser confundido com o de calúnia, difamação ou injúria, visto que merece um tratamento direcionado. Ela exemplificou várias situações em o negro é vítima deste delito nas relações de consumo, sobretudo em relação aos maus tratos.
"A Defensoria Pública, consciente desse problema, tenta casar as ações da sua especializada em relações de consumo com as da Defensoria Pública de Direitos Humanos que hoje, na atual estrutura, é a competente para tratar destas ações", destacou a defensora, contando um dos casos atendidos pela especializada em que uma criança, que brincava juntamente com outras em bicicletas de uma loja de eletrodomésticos de Salvador, foi retirada pelo segurança do brinquedo porque ele pensou que era uma "menina de rua".
De acordo com a defensora geral, discussões como esta dá elementos para a instituição fortalecer suas ações na área. Após as palavras de Tereza Cristina, o presidente do IPR também falou sobre o assunto citando casos atendidos pelo instituto que configuram casos de racismo nas relações de consumo. Augusto Sérgio de São Bernardo fez uma ampla exposição abordando desde uma análise sobre o que leva as pessoas ao consumo, às dificuldades de se conseguir provas de racismo, passando por identificações deste crime no Comércio.
"Alguém aqui já observou a frequência de públicos nos três andares do Shopping Iguatemi?", questionou, acrescentando que 62% dos internos da Febem estão presos por terem consumido produtos que são alvos do que eles desejam e não exatamente do que eles querem.
Foto: Carla Ferreira